Uma
linha Azevedo em Viseu
Baseado num estudo
apresentado pelo autor na Tertúlia Genealógica do Club Portuense a 20.9.2000 (Matéria desenvolvida
em «Ascendências Visienses», Porto 2004, 2º Volume, obra do autor)
Escudo de armas dos Azevedo (infografia do autor)
I D. Soeiro Peres de Azevedo, rico-homem, 5º senhor da quintã e couto de Azevedo, era 6º neto por varonia de D. Arualdo Gondesendes de Baião,
sendo filho de D. Pedro Mendes de Azevedo e sua mulher D. Veslasquida
Rodrigues de Trastâmara. Nascido entre de 1200 e 1215 e falecido depois
de 1262 e antes de 1290, D. Soeiro Pires foi criado numa quintã em S.
Vicente de Areias,
tendo por isso honrado toda a vila. Sabe-se que foi alcaide-mor de Alenquer por D. Sancho II e provável opositor
do Bolonhês, pois não aparece a desempenhar cargos da administração
no reinado de D. Afonso III. Em 1240 já estava casado com sua parente D. Constança Afonso Gato, pois ambos nesse ano doam ao Cabido
do Porto o padroado da igreja de Stª Cruz de Riba de Leça. Sucedeu em
parte da honra da quintã de Azevedo (Barcelos) e em vários bens patrimoniais,
nomeadamente na Galiza, que deixou a seus filhos.
Em 1248 o mosteiro de Alcobaça aforou-lhe uma herdade no Bombarral,
prazo renovado em 1262. Já no tempo de D. Afonso III, Dom Soeiro Peres
comprou terras na freguesia de Stª Maria de Moreira (Geraz do Lima),
onde fez paço e honra. Como as terras que comprou eram de lavradores
foreiros do rei, a honra foi devassada pelas sentenças de 1290.
Filho:
II Paio Soares de Azevedo, infanção «natural» do mosteiro de Mancelos, nasceu cerca 1241
e parece ter estado afastado da corte e do favor real, pois não aparece
em nenhuma doação ou cargo da administração, se bem que as genealogias
digam que foi embaixador de D. Dinis a Castela e Aragão. Sucedeu em
parte da honra da quintã de Azevedo (Barcelos), em terras na Galiza
e na totalidade da honra de S. Vicente de Areias (Prado). Teve ainda
de sua irmã D. Tereza Soares de Azevedo, freira em Arouca, a doação
da parte que ela tinha nas casas de Azevedo e nos bens da Galiza (23.5.1292).
Tipicamente, Paio Soares teve vários conflitos com o poder real relacionados
com direitos sobre terras. Nas sentenças de 1290, dadas na sequência
das inquirições de 1288, verifica-se que tinha a honra de Paredes (S.
Salvador da Apúlia) sem aí ter qualquer bem, e que tinha honrado toda
a vila de S. Salvador de Crastelo, metendo o respectivo vigário, por
sua mulher ter sido criada por uma foreira que aí tinha meio casal no
lugar de Vilar de Ladrão. Sabe-se também que honrou e fez paço em Pereira
(S. Salvador de Pereira) em terras que comprou a vários lavradores.
No julgado do Prado, honrou, fez quintã e paço no lugar de Estevaim
(freguesia de Galegos), que tinha filhado à força. Legalmente, tinha
a honra de Barro, na freguesia de Roriz, terra que tinha comprado a
um mercador de Braga, e uma honra e quintã na freguesia de Oleiros.
Finalmente, a 8.1.1283, é condenado por entrar no couto de Areias, que
era da Sé de Braga, aí pousando e actuando como se fosse seu. Casou
com D. Tereza Gomes Correa, sobrinha do mestre da Ordem de
Santiago (1242-76) D. Paio Pires Correa e neta paterna dos senhores
da Fralães (ver o meu Ensaio sobre a origem dos Correa, senhores de Fralães)
Filho:
III Gomes Paes de Azevedo,
que nasceu cerca de 1273 e em 1295 era alcaide do castelo de Albuquerque,
em Castela, pelo 1º conde de Barcelos, de quem foi cavaleiro e vassalo,
como surge num documento de 1304,
ano em que ainda era alcaide e surge como testemunha do testamento do
conde (5.5.1304), sendo-lhe ordenado por este que à sua morte entregasse
o castelo ao rei de Portugal. Faleceu velho depois de 1355, ano em que
era vassalo do infante D. Pedro. Como viveu muito tempo em Castela,
sobre os seus bens patrimoniais sabe-se apenas, pelas inquirições de
1307/11, que comprara dez anos antes, e honrara, o lugar de Castro na
freguesia de S. Salvador do Campo. Mas é claro que herdou a sua parte
dos bens paternos. Casou com D. Constança Rodrigues de Vasconcellos, herdeira da honra
e torre de Vasconcellos e da quintã e torre do Castro, ambas em Amares, filha de Rodrigo
Anes de Vasconcellos, o trovador, e de sua mulher D. Mécia Rodrigues
de Penela, senhora da honra e quintã de Penela.
Filho:
IV Rui Gomes de Azevedo,
"cavaleiro de Azevedo" e vassalo de D. Afonso IV, infanção
"natural" dos mosteiros de Vilar de Porcos (1329) e
de Grijó, nasceu cerca de 1298, provavelmente no castelo de Albuquerque,
e a 2.7.1308, portanto ainda menor e certamente vivendo em Castela,
é beneficiado com 250 libras portuguesas no testamento de Pedro Martins
Carpinteiro, feito em Burgos naquela data. Em Portugal há notícias dele
em 1328, quando aparece como um dos 40 fidalgos que D. Afonso IV indicou
para reféns conforme o tratado assinado nesse ano em Escalona entre
os reis de Portugal e de Castela.
Nesse mesmo ano fez uma composição com o Cabido da Sé do Porto sobre
uns bens que este lhe emprazara e pertenciam ao mosteiro de Canedo.
A 9.6.1333, com sua mulher, deu ao mosteiro de Vila Cova de Sandim dois
casais que tinha em Lever e recebeu em troca tudo o que o mosteiro tinha
em Ossela (Feira). A 12.2.1341 arrendou as quintãs de Armir e Sanguinhedo
por 150 libras anuais. Teve depois problemas com o mosteiro de Arouca,
como se vê na carta de D. Afonso IV de 19.9.1355, que o proíbe de cometer
mais abusos contra o dito mosteiro. Viveu no seu paço da quintã de Vila
Maior, que teve por sua mulher, onde a 5.4.1333 assina um documento
como testamenteiro de seu tio João Rodrigues de Vasconcellos. Noutro
documento de 21.9.1333 intitula-se «cavaleiro de Azevedo». Já
tinha falecido em 1365, ano em que só os filhos aparecem no «Livro
das Campaínhas» do mosteiro de Grijó. Casou cerca de 1333 com D.
Guiomar Pires de Vila Maior, senhora da honra e quintã de Vila Maior
(hoje freguesia do concelho da Feira), filha herdeira de Pedro Esteves
de Vila Maior e sua 2ª mulher D. Sancha Gonçalves Peixoto. D.
Guiomar Peres e seu marido Rui Gomes de Azevedo outorgaram uma doação
que fez um irmão dela, Gonçalo Peres de Vila Maior, falecido solteiro,
de um casal em Macinhata do Seixo ao mosteiro de Pedroso, que ele teve
de «dona Margarida minha avoo e Pero Esteves meu padre».
Filho:
V João Rodrigues de
Azevedo,
infanção, nascido cerca de 1334, foi senhor de juro e herdade de Aguiar
de Sousa (16.4.1385) e já tinha falecido a 3.7.1387, quando D. João
I doou o senhorio de Aguiar de Sousa a Pedro Lourenço de Távora, como
"tragia Joha Roiz d azevedo que se ora moreo". Foi
também senhor das honras de Vila Maior (Feira) e da Roda (Vila Boa da
Roda, antigo concelho que hoje corresponde à freguesia de Guilhofrei
no concelho de Vieira do Minho), e dos direitos reais de Roças (Sever
do Vouga). Era padroeiro do mosteiro de Grijó, em cuja lista das "comedorias"
de 1365 aparece como infanção, junto com seus irmãos Diogo e Maria,
então todos menores, bem assim como do de Vilar de Porcos. Não casou,
mas teve de Catarina Rodrigues Toscano, que depois foi freira
em Santos, uma filha natural, legitimada por carta real, que foi sua
herdeira. Catarina Rodrigues Toscano era filha de Rui Martins Toscano,
alcaide-mor de Portel (29.6.1357), vassalo de D. Pedro I, vizinho de
Évora e procurador desta cidade às Cortes de Elvas de
1361. Deste Rui Martins Toscano deve ser neto outro Rui Martins Toscano, vassalo de D.Afonso V, escudeiro do infante D.
Henrique, morador na vila de Tomar, que a 30.3.1451 foi nomeado para
o cargo de escrivão dos vassalos da dita vila e termo, a 19.3.1452 foi
escrivão das sisas régias de Torrão e a 11.4.1463 escrivão das sisas
de Alcácer, em substituição de João Barreto, que morrera.
Filha:
VI Violante Rodrigues
de Azevedo[*],
nascida cerca de 1385, foi legitimada por carta real de 12.2.1395, sendo
aí referida como "violante Roiz d azevedo filha de Joham Roiz
de azevedo scud.o e de catelina Roiz molher solteira". Sucedeu
a seu pai nas honras de Vila Maior (Feira) e da Roda (Vila Boa da Roda).
Por ficar órfã tendo cerca de dois anos de idade, teve por tutor seu
primo Gonçalo Mendes de Vasconcellos (sobrinho de Constança Rodrigues
de Vasconcellos, bisavó paterna de Violante), por não haver então parente
mais próximo vivo. Casou cerca de 1406 com Álvaro Gonçalves
Aranha, nascido cerca de 1384, que teve a quintã do Paço em Oliveira
de Azeméis (prazo do mosteiro de Arouca de 27.8.1448). Gaio dá
este Álvaro Gonçalves Aranha como irmão mais novo de Vasco Gonçalves
Aranha, sucessor (que dá como pai de Rui Vasques Aranha casado
com Isabel Barbosa), e ambos filhos de Gonçalo Aranha e sua
mulher Aldonça Anes Alvello.
Este Gonçalo Aranha, cavaleiro,
vassalo de D. João I, foi senhor
do couto de Serzedelo (Lanhoso), por sua mulher, e teve a quintã
de Vila Nova de Foz Côa e a terra de Parada (Prado). Com efeito,
a 11.9.1384 o mestre de Avis doou a "gonçallo aRanha scudeiro"
o foro de uma quintã que ele tinha em Vila Nova de Foz Côa, que
era de 20 libras e quatro soldos, bem como de todos os foros que o rei
tinha em Vila Nova de Foz Côa, e ainda a terra de Parada, no julgado
do Prado, que ele trazia arrendada por 13 maravedis velhos. A 23.6.1386,
o mesmo rei confirmou a "gonçallo aranha caualley.o nosso uasallo",
que "soe casado com aldonça ans sua molher neta de gil mjz aluello",
a quintã, couto "com honra no logo", senhorio e jurisdição
de Serzedelo, no julgado de Lanhoso, que era herança dela e que
Fernão Gomes da Silva, que tinha o castelo de Lanhoso e estava
em deserviço, havia usurpado. Esta Aldonça Anes Alvello
era a herdeira e chefe desta linhagem que usou um nome derivado de alcunha,
família completamente distinta dos "de Alvellos", com
que vulgarmente é confundida, e que são descendentes de
D. Monio Ozores de Cabreira, igualmente tronco dos Vasconcellos. Diz
Gaio que Gonçalo Aranha era irmão de Gil Aranha e de João
Fernandes Aranha, todos filhos de Fernando Afonso Aranha, irmão
do bispo do Porto D. João Afonso Aranha. Mas Alão diz
que este Gonçalo Aranha era irmão de Rui Vasques Aranha
(casado com Isabel Barbosa), ambos filhos de um desconhecido Aranha
e de Maria Fernandes, filha de Afonso Rodrigues e sua mulher Leonor
Dias, progenitores dos Pereira, de Viana. Embora a mãe de Gonçalo
Aranha não possa cronologicamente ser filha de Afonso Rodrigues
(na verdade Fernão Rodrigues do Cais) e se sua mulher Leonor
Dias (na verdade Leonor Dias Boto, que nasceu antes de 1470 e foi sepultada
a 24.8.1538 na Santa Casa da Misericórdia de Viana - ver o meu
"Ensaio sobre a origem medieval dos Boto"),
será que Alão acerta quanto à informação
de Gonçalo Aranha ser irmão de Rui Vasques Aranha? A verdade
é que a 30.9.1389 e a 28.4.1391 D. João I legitimou, respectivamente,
Rui Vasques Aranha, seu vassalo, e Fernão Vasques Aranha, escudeiro
e seu vassalo, filhos "de huu clerigo d ordees sacras e de
hua molher solteira", não identificados. Se Gonçalo
Aranha era irmão destes, porque não foi legitimado também?
Tendo em conta a cronologia de Rui Vasques Aranha, legitimado em 1389
sendo vassalo, e de seu irmão Fernão Vasques, só
legitimado cerca de 2 anos depois, sendo escudeiro e vassalo, e a cronologia
de Isabel Barbosa (mulher de Rui Vasques), nascida cerca de 1403, podemos
apontar o nascimento de Rui Vasques para cerca de 1380 e o de Fernão
Vasques para depois. Portanto, muito mais novos do que Gonçalo
Aranha, que em 1384 já recebia doações importantes
e em 1386 já era cavaleiro. Por outro lado, como refiro no meu
"Ensaio sobre a origem dos Correa, senhores
de Fralães", a quintã e senhorio de Serzedelo
seguiu nos filhos de Rui Vasques Aranha, o que dá crédito
à informação de Gaio segundo a qual este Rui Vasques
era filho de Vasco Gonçalves Aranha e neto de Gonçalo
Aranha. Portanto, apontando o nascimento de Rui Vasques para 1380, estou
em crêr que seja filho de Vasco Gonçalves Aranha, nascido
cerca de 1358 e clérigo de ordens sacras antes de 1380, e neto
de Gonçalo Aranha, nascido cerca de 1335, que não podia
ser sobrinho mas sim tio do bispo do Porto D. João Afonso Aranha,
o qual em 1389 ainda nem sequer é referido como clérigo,
apenas morador no Porto, e só em 1392 é pela 1ª vez
referido como cónego da Sé do Porto. Gonçalo Aranha seria assim irmão de um indocumentado Afonso
Aranha (pai do bispo, sendo que este se documenta filho de Joana Domingues),
de Gil Aranha, vassalo de D. João I, que a 22.9.1384 lhe fez
doação do foro de todas as herdades que ele tinha em Castro
Daire, no valor de 20 libras, e de João Fernandes Aranha, que
a 28.8.1385 teve em préstamo as terras de Roças e Vila
Boa, que a 25.6.1392 passaram a Nuno Viegas do Rego.
Filho:
VII João Álvares de
Azevedo,
nascido cerca de 1408, foi capitão de Ceuta e Tanger, contador de Tanger,
fidalgo da Casa de D. Duarte e D. Afonso V, comendador da Ordem de Cristo,
etc. Viveu em Stª Mª de Vila Maior (Feira) e na quintã de
Azevedo, como foi nomeada talvez por sua causa, na freguesia em S. Vicente
de Pereira Jusã (Ovar), morgadio que teve por sua mulher. A 15.5.1439
D. Afonso V nomeou por cinco anos João Álvares de Azevedo, escudeiro
de João Álvares Pereira, para o cargo de coudel da Feira e Cabanões,
terra de Santa Maria. A 5.11.1451 o mesmo rei nomeou, por cinco anos,
João Álvares, escudeiro régio, para coudel dos julgados da Feira e de
Cabanões, terra de Santa Maria da Feira, de Antuã, da Castanheira e
Cambra, terras de João Álvares Pereira e de Fernão Pereira, e seus termos,
em substituição de João Álvares de Azevedo e Fernão Garcia, que terminaram
o seu tempo de serviço. Casou cerca de 1441 com Beatriz Afonso Alão,
senhora do antedito morgadio na freguesia de S. Vicente de Pereira Jusã
(Ovar), que seu antepassado Afonso Fernandes instituiu no ano de 1275,
conforme informam as genealogias.
Filha:
VIII D. Leonor de Azevedo,
nascida cerca de 1445, foi 2ª mulher de Fernão Nunes Cardoso,
já viúvo de Catarina Pires do Quintal, nascido cerca de 1425 e falecido
em 1505, fidalgo da Casa do infante D. Henrique, senhor da torre do Quintal.,
em Besteiros (Viseu), onde viveu, e das honras do Telhado, de Real,
Molelos, Botulho, Nandufe, Castanheira, Stª Ovaia, Casais de Vila Verde,
etc. Era filho de
Nuno Fernandes de Gouveia, senhor
da quintã do Telhado e da torre de Quintal, ambas em Besteiros,
e de sua mulher Aldonça Vaz Cardoso. Gaio diz que foi senhor do couto de Besteiros, mas não encontrei nenhum
documento nem sobre este senhorio nem sobre este Nuno Fernandes. Alão,
seguindo Gaspar Barreiros, dá este Nuno Fernandes de Gouveia como irmão
de Vasco Fernandes de Gouveia. Mas nem um nem outro distinguem os dois
Vascos Fernandes de Gouveia, o Velho e o Moço, pai e filho. Pela mulher,
contudo, percebe-se que Alão o dá como irmão do Moço. Mas a cronologia
não o permite, pelo que o julgo não irmão mas filho mais novo de Vasco
Fernandes de Gouveia, o Moço, capitão-general da Beira no reinado
de D. João I, senhor de juro e herdade de Almendra e alcaide-mor de
Castelo Rodrigo e senhor dos seus direitos reais (30.9.1385), "guarda
dos portos" de Castelo Rodrigo e Almeida, senhor do couto de
Comeal das Donas, nascido cerca de 1365 e falecido em 1434, e de sua
mulher Leonor Álvares de Queiroz, senhora de juro e herdade de Valhelhas
(14.7.1423, com o marido, e 12.1.1435, já viúva), falecida em 1450,
filha de Fernando Álvares de Queiroz, senhor de Valhelhas. Aliás, Alão
dá a este um filho Nuno Fernandes, que diz ter casado com Maria da Costa,
quando quem casou com esta (na verdade Maria Anes da Costa), foi primeiro
Gonçalo Fernandes de Gouveia (tio paterno deste Nuno e filho de Vasco
Fernandes o Velho, senhor do couto de Comeal das Donas e provavelmente
alcaide-mor de Gouveia, falecido em 1385) e depois Fernão Álvares Cardoso,
irmão mais velho desta Aldonça, mulher de Nuno Fernandes. Ou seja: Nuno
Fernandes casou com uma irmã mais nova do 2º marido de sua tia por afinidade
Maria Anes da Costa. O erro de Alão e Gaspar Barreiros, para além da
não distinção dos dois Vascos Fernandes, deve ainda relacionar-se com
a questão da torre de Quintal, em Besteiros, que este Nuno Fernandes
deve ter possuído e que certamente foi de seu filho Fernão. Como este
Fernão casou a 1ª vez com uma Quintal, aparentemente a torre e quinta
teriam vindo por ela. Acontece, porém, que quem herdou a dita quinta
e torre foi um filho do 2º casamento, o que não se compreenderia se
lhe viesse do 1º casamento, do qual teve vários filhos com larga geração.
Julgo, portanto, que a torre de Quintal já vinha de Nuno Fernandes,
tanto mais que Alão diz que nela viveu um filho que atribui a este Nuno
Fernandes, mas que de facto era neto de seu tio Gonçalo Fernandes. E
julgo mesmo que o Vasco Fernandes de Gouveia, o Velho, cuja mulher
se desconhece, tenha casado justamente com uma filha herdeira de Afonso
Anes do Quintal, que no séc. XIV possuía a dita torre, que daí veio
a este Nuno e provavelmente em parte também a seu tio Gonçalo. Há ainda
um Martim Fernandes que tinha a quintã de Parada, em S. João de Arcas,
a qual trocou com Martim Vasques da Cunha por quatro casais em Molelos
(Besteiros), troca esta que foi confirmada a 29.9.1397 por D. João I
e a 9.4.1434 por D. Duarte. Desconfio de que este Martim Fernandes era
irmão de Nuno Fernandes.
Filho:
IX Lopo Fernandes de
Azevedo,
que nasceu cerca de 1469 e faleceu depois 1517. Foi corregedor-mor das
comarcas da Beira e Riba-Côa (1511-17), presidente do Senado da Câmara
de Viseu (1511-17), e fidalgo das Casas de D. João II e D. Manuel
I. Herdou a dita quintã e torre do Quintal, onde nasceu e viveu, e junto
à qual fez uma «portaria grande» onde colocou o seu escudo de
armas (Azevedo em pleno), tudo criminosamente demolido no séc. XIX.
Com a terça dos seus bens e os de sua mulher, instituiu com ela o morgadio
de S. Sebastião de Besteiros, com capela armoriada (Azevedo) na igreja
do Salvador de Castelões, em que nomeou seu filho 2º Manuel de Azevedo.
Casou cerca de 1501 com Beatriz Afonso Coutinho, que em 1537
teve o prazo do casal da Cortiçada, em Castelões de Besteiros, «por
compra e pregão de dívidas que lhe devia Jorge Gonçalves». Esta Beatriz Afonso Coutinho nasceu cerca de 1480 na ilha da Madeira e era filha de Garcia da Câmara,
escudeiro fidalgo da Casa de D. Manuel I, e neta ou bisneta do célebre navegador João Gonçalves Zarco, o 1º capitão donatário do
Funchal.
Filho:
Pormenor
da actual da Casa do Quintal, reformada no séc. XVIII. À
esquerda da porta ainda se vê uma janela quinhentista. À
esquerda: Pedra de armas (Quintal em pleno) existente num cunhal da
casa, onde foi colocada no séc. XVIII.
XX Manuel de Azevedo,
nascido cerca de 1505, foi, por nomeação de seu pai, morgado de S. Sebastião
de Besteiros ou da Casa do Quintal (onde no séc. XVIII foi colocada
no cunhal uma pedra de armas dos Quintal em pleno), com capela armoriada
(Azevedo) na igreja do Salvador de Castelões, que tinha vinculado o
lugar da Póvoa de Linheiro e vários casais em Múceres, Cortiçada e Falorca.
Foi cavaleiro da Ordem de Cristo e nesta ordem comendador de S. Julião
de Lobão (Besteiros), moço da Câmara e depois cavaleiro fidalgo das
Casas de D. Manuel e D. João III, tendo servido em Safim com quatro
homens à sua custa. ). Deve ainda ser o Manuel de Azevedo Coutinho que
foi escrivão dos órfãos de Barcos (Tabuaço, Viseu) e Gojoim (?) (Chancelaria
de D. Filipe I, 31, 150). Casou cerca de 1535 com D. Maria Correa,
senhora da quinta de Arnoza, em S. João do Barreiro (Besteiros), aí
nascida cerca de 1515, filha de Gonçalo Lobo,
morador em Vila Real, e sua mulher D. Lucrécia Corrêa; neta paterna
de Fernão Lobo,
fidalgo da Casa de Bragança, morador em Vila Real, e de sua mulher Maria
Lourenço da Nóbrega; neta materna de João Corrêa, senhor da dita quinta
de Arnoza (ver os meus Ensaio sobre a origem dos Correa, senhores de Fralães e Ensaio sobre a origem dos Mesquita).
Filha:
XI D. Lucrécia Correa
de Azevedo,
nascida cerca de 1544, casou cerca de 1563 com o famoso Doutor António
Barreiros de Seixas,
nascido em Viseu cerca de 1520, aposentado com o título e tença desembargador
da Relação do Porto, corregedor-mor do Porto, Coimbra e Viseu, cavaleiro
fidalgo da Casa Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, e nesta ordem comendador
de S. Julião de Lobão, em sucessão de seu sogro, etc., filho de Rui
Barreiros de Seixas,
cavaleiro da Ordem de Cristo e nesta ordem comendador de Stº André de
Pinhel, juiz ordinário (1511 e 1515) e vereador do Senado de Viseu (1503,
1511 e 1515), recebedor das Sisas de Viseu (2.6.1518), de Paços de Silgueiros
(22.7.1518), dos Coutos (23.7.1518), de Ramo e Lourosa (22.6.1519),
etc., e de sua 2ª mulher D. Maria de Barros, meia-irmã do grande historiador
João de Barros,
autor das «Décadas da Ásia», e irmã inteira de outro João de
Barros,
senhor da quinta de Massorim (prazo que o Cabido da Sé de Viseu lhe
renovou a 23.2.1523), fidalgo da Casa Real, comendador da Ordem de Cristo,
etc.
Filha:
XII D. Isabel de Seixas
e Azevedo,
nascida cerca de 1570, casou cerca de 1590 com seu primo António
Correa de Seixas, fidalgo da Casa Real, falecido cerca de 1600,
filho de Diogo de Seixas e sua mulher Maria Rebello de Figueiredo, filha
do Doutor Nuno Rebello Cardoso, desembargador do Paço, com geração.
Depois de viúva teve uma filha do Doutor António Teixeira,
arcipreste da Sé de Viseu, fidalgo capelão da Casa Real e cónego da
Sé de Viseu (documentado como tal em 1598 e 99).
Filha:
XIII D. Maria Teixeira
de Seixas e Azevedo,
nascida cerca de 1606, herdeira de seu pai, casou a 1ª vez cerca de
1623 com seu primo Pedro Viçoso da Veiga,
fidalgo da Casa Real, falecido na noite de Natal de 1625 com um tiro
de espingarda à porta de sua casa, filho de António Botelho Viçoso e
de sua mulher D. Cecília de Azevedo, com geração.
Casou 2ª vez cerca de 1629 com Francisco de Campos Coelho, capitão-mor
de Viseu (1643), Lafões e Besteiros, fidalgo da Casa Real que serviu
como capitão nas guerras da Restauração, onde faleceu em 1644, cidadão
nobre da governança de Viseu, sendo nomeadamente vereador do Senado
da Câmara e capitão da Ordenança em 1642, 9º senhor de Nespereira (Mundão,
Viseu) e 2º morgado de S. João Baptista de Gumirães (Rio de Loba, Viseu).
Teve alvará de confirmação de várias doações (Chancelaria de D. João
IV, 13, 131v). Era filho sucessor de João de Campos Coelho,
fidalgo da Casa Real que serviu na grande armada de 1602, 8º senhor
de Nespereira e 8º senhor do prazo da vila de Gumirães e dos seus paços,
que remiu e vinculou à instituição do morgadio e capela de S. João Baptista
de Gumirães, onde viveu e faleceu a 11.4.1636, com cerca de 60 anos
de idade, sendo sepultado na dita sua capela, na Sé de Viseu, com suas
armas e letreiro, e de sua mulher Isabel Froes da Rocha, senhora da
quinta de Negrosa, em Lafões.
Filha
(2º casamento):
XIV D.
Francisca de Campos Coelho,
nascida póstuma a 20.2.1644 no morgadio de Gumirães e baptizada a 26.2.1644
na Sé de Viseu, sendo padrinhos o tesoureiro-mor da Sé Gomes de Andrade
Cabral e D. Paula, mulher de Rui Lopes de Souza, morgado de Bordonhos.
Faleceu a 5.9.1708 na quinta do Serrado, sendo sepultada na capela de
S. João Baptista, na Sé, instituída por seu avô. Herdeira pelo menos
da quinta de Negrosa, onde vivia em 1685, foi grande genealogista das
famílias de Viseu, sendo nomeadamente autora da «Verdadeira Genealogia
das mais ilustres Famílias da Cidade de Viseu, onde se examina a verdade,
e se refuta a mentira». Nasceu póstuma e ficou órfã de mãe aos 5 anos de idade, ficando seu
tutor o tio Dr. António de Campos Coelho, sendo sua mestra a mulher
deste, D. Joana de Alvellos, "de cuja virtuosa escola sahio
D. Francisca instruida em todos os documentos moraes, e politicos, pelos
quaes se fez merecedora de que a pretendessem para esposa as Pessoas
mais distintas em nascimento, entre as quaes foy preferido Henrique
de Mello e Lemos de Alvellos, sobrinho (na verdade primo) de
D. Joana de Alvellos sua tia, celebrando-se os desposorios a 5 de Fevereiro
de 1668. Não lhe servio de obstaculo o estado conjugal para deixar a
pratica das virtudes em gráo heroico, sendo a seu mayor desvelo a educação
de seus filhos no tanto temor de Deos, com que os habilitava para se
alistarem nas Religiões mais observantes. Vendo-se despojada da amavel
companhia de seu marido, que intempestivamente lhe arrebatara a morte
a 2 de Outubro de 1700, se praparou desenganada para a eternidade, escrevendo
seu Testamento, em cujas clausulas ertinisou a piedade de seu animo.
Faleceu piamente a 5 de Setembro de 1708, quando contava 68 annos de
idade. Foy ornada de juizo claro, discurso prudente, e sendo consultada
na intelligencia de Poetas, e Historiadores, era venerado o seu voto,
como de Oraculo" («Bibliotheca Lusitana», de Barbosa
Machado, vol. IV, pag. 124). Casou a 5.2.1668 em Viseu com Henrique
de Mello e Lemos de Alvellos,
fidalgo da Casa Real, vereador do Senado da Câmara de Viseu (1698 –
1700), inquiridor, contador e distribuidor geral da Comarca de Viseu
(4.12.1687), 15º morgado de Alvellos (Lamego) e do paço e torres de
Figueiredo de Alva,
em S. Pedro do Sul, etc., filho de Teobaldo de Lemos de Campos,
fidalgo da Casa Real, 14º morgado de Alvellos e do paço e torres de
Figueiredo de Alva, genealogista, etc., e de sua 2ª mulher D. Ana de
Vasconcellos e Mello,
4ª senhora dos prazos do paço da Torre da rua da Cadeia, em Viseu, com
sua capela de S. Domingos na Sé, e das quintas da Aguieira e de S. Estêvão
de Travaçós, etc.
Com
geração nos Mello de Lemos e Alvellos, viscondes do Serrado,
e nos Soares de Albergaria de Mello Paes do Amaral, de Carregal do Sal
(Viseu), através dos quais o autor é 8º neto do casal em epígrafe.
2000
Vide «Linhagens Medievais Portuguesas. Genealogias e Estratégias
(1279-1325)», Porto 1999, de José Augusto de Sotto Mayor Pizarro.
ANTT, Gavetas, VIII-5-1, Pergaminhos 12-13 (Sentenças de 1290 às inquirições
de 1288).
ANTT, Gavetas, XIII-3-2.
ANTT, CR – Mosteiro de Arouca, gaveta 3, mº 3, nº 15 (documento de 23.5.1292).
ANTT, Gavetas, VIII-5-1 (pergaminho 1).
Irmão mais novo de Vasco Paes de Azevedo, senhor do couto de Azevedo,
fidalgo que viveu em Castela devido a desentendimentos com D. Dinis
e que em 1321 testemunhou uma doação de Afonso Sanches, tendo casado com D. Maria Rodrigues de Vasconcellos, irmã de sua cunhada.
Deste casal foi bisneto Lopo Dias de Azevedo, 1º senhor de S. João de
Rei, etc.
ADB, Corpo Cronológico, Pasta 5, nº 209.
Irmão mais novo do cónego da Sé de Braga e abade de Vila Cova Diogo
Gomes de Azevedo, e irmão mais velho de Gonçalo Gomes de Azevedo, alferes-mor
de D. Afonso IV na batalha do Salado.
Gavetas, vol. IX, pp. 636-57.
ADP, Cabido da Sé do Porto, L. XXV de Originais, f. 32.
O Nobiliário do conde D. Pedro diz que este Pedro Esteves de Vila Maior
casou (a 1ª vez) com D. Maria Anes de Teixeira «e não houve dela
semel e partiu-se dela, e ela foi má mulher». O paço da honra de
Vila Maior deve corresponder à actual quinta do Quintão, em Vila Maior.
Pedro Esteves de Vila Maior era filho de Estêvão Rodrigues (Branco)
de Vila Maior e de sua mulher Margarida Peres Pimentel, filha esta de
Pedro Martins Pimentel e de sua mulher Sancha Martins. Este Pedro Martins
Pimentel era irmão de Vasco Martins Pimentel, ambos filhos de Martim
Fernandes Pimentel, senhor da honra de Novaes, que fundou, e de sua
mulher Sancha Martins de Riba de Vizela (já viúva de Gonçalo Rodrigues
de Nomães). Ao que tudo indica, Martim Fernandes Pimentel, dado como
o 1º do nome, seria neto de Fernão Fernandes Branco e trineto de D.
Urraca Gonçalves de Marnel. Aquela Sancha Martins de Riba de Vizela
era filha de Martim Fernandes de Riba de Vizela e de sua mulher Estevaínha
Soares da Silva, ambos com ascendências conhecidas. Vide «Os Pimentéis.
Percursos de uma linhagem da nobreza medieval portuguesa», 2000,
de Bernardo Vasconcelos e Sousa.
Maurício Antonino Fernandes e Manuel Pires Basto, em «Macinhata da
Seixa. Documentada mostragem da terra e evolução de seu povo», Oliveira
de Azeméis, 1985, datam este documento de 28.5.1319, mas deve haver
erro no ano, pois em 1319 ainda não estariam casados.
Irmão mais velho de Diogo Gomes de Azevedo, que teve de D. Fernando
o senhorio de Fermedo (1373), que terá fal. s.g., e de Maria Rodrigues
de Azevedo, ib, pois como veremos Violante Rodrigues de Azevedo não
tinha parentes próximos vivos quando lhe morreu o pai, sendo ela menor.
Foi claramente filha única e herdeira. Gaio dá-lhe dois irmãos e uma
irmã, mas é erro. Até porque um desses alegados irmãos seria um Álvaro
Rodrigues de Azevedo que casou com Inez Gonçalves da Fonseca, sendo
estes bisavós de um Luiz Ferreira de Azevedo da Fonseca, alcaide-mor
da Sertã e fidalgo da Casa de D. João IV, o que é um total anacronismo.
O outro, Gil Gonçalves de Azevedo, logo pelo patronímico se vê que é
falso. De resto o autor também duvida desta filiação, que alias é outro
total anacronismo, pois este Gil Gonçalves vem como pai de Sebastião
Rodrigues de Azevedo, fidalgo das casas de D. Sebastião e do cardeal
D. Henrique. O mesmo se diz da irmã, Ana Rodrigues de Azevedo,
cuja filha teria casado com o tio Gil Gonçalves.
Irmão mais novo de Rui Gomes de Azevedo, escudeiro fidalgo, criado
do infante D. João, que sucedeu na honra de Vila Maior, que Gaio
diz ter vendido a Rui Pereira, senhor de Fermedo, como consta de uma
escritura de 1481. Mas documenta-se que à capela de Rui Gomes
de Azevedo foi vinculada a quintã de Cedofeita, em Vila Maior.
Terá portanto vendido a honra, possivelmente
centrada na quintã do Quintão, mas ficou com a antedita quintã de Cedofeita. Rui Gomes de Azevedo
casou, sem geração, com Senhorinha Dias. A 9.7.1476 D.
Afonso V privilegiou Senhorinha Dias, viúva de Rui Gomes de Azevedo,
concedendo-lhe licença para instituir uma capela no mosteiro
de S. Domingos da cidade do Porto, e a dotá-la com bens no valor
de 1.000 reais, de acordo com a disposição testamentária
do seu marido. E no livro das capelas deste mosteiro consta o tombo
da instituição dos aniversários e missas rezadas
que se hão-de dizer por Senhorinha Dias e Rui Gomes de Azevedo
seu marido, que estão sepultados num monumento que está
junto da porta travessa da igreja, metido na parede da mão esquerda,
dentro do qual está um escudo que tem uma águia (armas
dos Azevedo). A esta capela dita de Rui Gomes de Azevedo, em S. Domingos,
a viúva vinculou os seguintes bens: a renda de terras aforadas
à Albergaria de Recamador; casas na Lada e nas Aldas, na cidade
do Porto; terras da quintã de Azevedo, na terra de Stª Maria;
uma quebrada na Feira; a quintã de Cedofeita, em Vila Maior,
com sua devesa e todas as suas pertenças; duas casas em Sovereda
(Vila Maior); e terras, devesa e dois casais em Lever. A antedita quintã
de Azevedo, em terras de Stª Maria, é certamente a quintã
de Azevedo na freguesia em S. Vicente de Pereira Jusã (Ovar),
herança de Beatriz Afonso Alão, casada com o irmão
de Rui Gomes de Azevedo. Portanto, as terras dessa quinta vinculadas
à capela seriam da herança de Senhorinha Dias, o que indirectamente
vem confirmar que esta era Alão, como diz o próprio Alão
de Moraes. Este autor, que a chama Senhorinha Dias Alão (sendo
que na verdade só se documenta como Senhorinha Dias), diz que
era filha de Diogo Alão e sua mulher Joana Martins, mas não
entronca Diogo Alão. Gaio, que também não o entronca,
chama-o Diogo Afonso Alão. Como digo na nota seguinte, Beatriz
Afonso Alão era filha sucessora de Fernando Afonso e sua mulher
Maria Afonso Alão. Tudo indica que as concunhadas Alão
fossem primas entre si, mas como? Diogo Afonso Alão, o pai de
Senhorinha Dias, podia ser meio-irmão bastardo de Maria Afonso
(porque se fosse legítimo em princípio teria sucedido).
Em alternativa, podia ser um primo-direito desta Maria Afonso, portanto
filho de Giraldo Afonso Alão, o único irmão que
Gaio dá a Pedro Afonso Alão. Diogo (Afonso) Alão
seria assim irmão do cónego Domingos Giraldes Alão
que istituiu o morgadio dos Alão, conforme digo na nota seguinte.
Não sendo de estranhar que ele, Diogo, a filha ou outro eventual
filho não tivessem sucedido no morgadio, pois este dava primazia
aos clérigos da linhagem, como também digo adiante. Certo
é que Senhorinha Dias era prima de Luiz Álvares de Madureira, escudeiro cidadão
do Porto, porque ela própria o declara.
Alão de Morães confunde este primo Luiz Álvares
com o filho homónimo do mais antigo Luiz Álvares de Madureira
(da Madureira, na documentação). Mas trata-se
de facto do mais antigo Luiz Álvares, pois Senhorinha Dias também
diz que era sogro de Bartolomeu Lopes, escudeiro e criado do bispo do
Porto. E este mais antigo Luiz Álvares de Madureira era filho,
segundo Alão, de Álvaro Anes de Madureira, o 1º desta
família que veio para o Porto, e de sua mulher Beatriz Martins,
filha de Diogo Gonçalves Passado (casado com Leonor Rodrigues
Vieira). Alão diz ainda que a mulher de Diogo (Afonso) Alão,
Joana Martins, era filha de Martim Afonso Marceiro, que era vereador
da Câmara do Porto em 1425 (Tombo da Albergaria de Rocamor, fls.
32). Quando na documentação deste tipo e desta época
alguém é referenciado como primo, não era parente
afastado. Assim, Senhorinha Dias seria ou prima-direita de Luiz Álvares
de Madureira ou filha de um primo-direito dos pais de Luiz Álvares.
Optando por este grau (3º) mais afastado, então a mulher
de Giraldo Afonso Alão ou a mulher de Martim Afonso Marceiro
era irmã de Diogo Gonçalves Passado. O que fazia Senhorinha
Dias e Luiz Álvares de Madureira parentes no 3º grau de
consanguinidade, tendo uns bisavós em comum. Regressando à
instituição da capela de Rui Gomes de Azevedo no mosteiro
de S. Domingos, no Porto, acresce dizer que a 16.8.1483, nas casas de
morada de Luiz Álvares de Madureira, escudeiro cidadão,
que ficara por testamenteiro de Senhorinha Dias, mulher que foi de Rui
Gomes de Azevedo, escudeiro fidalgo, criado do infante D. João
que Deus haja, moradores nesta cidade (do Porto), o qual fizera testamento
em que deixava universal herdeira a mulher e no qual mandou instituir
uma capela no mosteiro de S. Domingos, que ela instituiu e onde ambos
foram sepultados. Fica-se também a saber que Senhorinha Dias
nomeou como administrador provisório Bertolomeu Lopes, escudeiro
e criado do bispo do Porto, que era genro do antedito Luiz Álvares
de Madureira, até que um moço (nunca nomeado) que era
sobrinho de Rui Gomes de Azevedo, filho de sua irmã Mécia
Álvares Aranha e de seu marido Pedro Esteves, possa suceder na
administração, se cumprisse as exigências de casar,
viver na cidade do Porto e ser apto, sucedendo-lhe depois a ele a sua
descendência. Na administração da capela sucederia
depois a descendência desse moço, se fosse legítima
e leiga. Diz-se ainda que a instituição seguia as normas
da capela de Fernão Anes, cavaleiro, ficando o administrador
com 1/3 da renda para si e obrigado a aplicar em missas os restanre
2/3. Este moço chamou-se Pedro Esteves, como o pai, e casou com
sua prima-direita Beatriz de Azevedo, como desenvolvo adiante, ficando
realmente com a administração da capela, que seguiu na
sua geração. Quanto a Rui Gomes de Azevedo, nesta época
documentam-se vários indivíduos com este nome, pelo que
por vezes é difícil identificar cada um. Um está
bem identificado: foi alcaide-mor de Alenquer e casou com D. Beatriz
de Ataíde (vide o meu estudo GÓIS MEDIEVAIS - Reconstituição
genealógica, in "Argollo. Uma
família brasileira de 1500. Subsídios para a sua genealogia,
para a dos Lobo de Souza e para a dos Góis"). O
outro foi neto sucessor do anterior. Um terceiro, já falecido
em 1462, foi alcaide-mor de Penela e casou com Iria de Brito. O Rui
Gomes de Azevedo que aqui interessa consta no antedito livro das capelas
de S. Domingos como escudeiro fidalgo, criado do infante D. João.
Não documentei nenhum Rui Gomes de Azevedo criado do infante
D. João. Mas este infante, duque de Beja, faleceu em 1442, com
filhos menores, verificando em muitos outros casos que boa parte dos
fidalgos da sua Casa passaram para a de seu irmão o infante-regente
D. Pedro. Julgo portanto que o Rui Gomes de Azevedo casado com Senhorinha
Dias é o que se documenta fidalgo da Casa do infante D. Pedro,
com que esteve em Aljubarrota, passando depois (de perdoado) à
Casa Real. Antes, foi juiz das sisas do julgado de Paiva, Ferreiros,
Tendais e Lousada. Com efeito, a 13.1.1440 D. Afonso V nomeou Gomes
Pinto, criado de D. Fernão de Castro, do seu Conselho, para o
cargo de juiz das sisas régias do julgado de Paiva, Ferreiros,
Tendais e Lousada, em substituição de Rui Gomes de Azevedo,
que renunciara. A 22.6.1444 doou para sempre a Rui Gomes de Azevedo,
fidalgo da Casa do regente, os bens móveis e de raiz que foram
retirados a Rui Martins e a Beatriz Anes, moradores no Crato, por terem
partido para Castela. A 6.6.1446 nomeou Diogo Rodrigues, morador em
Alverca, a pedido de Rui Gomes de Azevedo, cavaleiro da Casa do infante
D. Pedro, para o cargo de escrivão das sisas régias desse
lugar, em substituição de Luís Fernandes, que renunciara.
A 20.4.1450 perdoou Rui Gomes de Azevedo, fidalgo da Casa do infante
D. Pedro, acusado de ter participado na batalha de Alfarrobeira. A 18.4.1452
privilegiou Diogo Gonçalves, escudeiro e criado de Rui Gomes
de Azevedo, concedendo-lhe carta de liberdade, por ter estado na batalha
de Alfarrobeira ao lado do infante D. Pedro. A 29.10.1464 privilegiou
Álvaro Gonçalves, morador em Coimbra, a pedido de Rui
Gomes de Azevedo, fidalgo da sua Casa, isentando-o de qualquer imposto,
encargo e ofício concelhio, de ir com presos e dinheiros, de
ser tutor e curador, bem como de ser posto por besteiro do conto. Será
portanto o Rui Gomes de Azevedo que em 1462 era cavaleiro fidalgo da
Casa Real com 1.500 reais de moradia. De João Álvares
de Azevedo e Diogo Gomes de Azevedo foram ainda ainda irmãs Mécia
Álvares Aranha e Maria de Azevedo. Maria de Azevedo foi freira
em Arouca e teve de Fernão Gil de Magalhães, escrivão
da coudelaria de Belver (11.6.1468), referido no meu "Ensaio
sobre a origem dos Magalhães", uma filha chamada
Beatriz de Azevedo. Beatriz de Azevedo casou com seu primo-direito Pedro
Esteves, filho de outro Pedro Esteves, escudeiro, escrivão das
sisas de Paiva (26.12.1476, confirmado a 9.9.1482), e de sua mulher
Mécia Álvares Aranha, a antedita irmã de João
Álvares de Azevedo e Diogo Gomes de Azevedo. Como já acima
disse, Pedro Esteves, o filho, ainda moço solteiro em 1483, foi
nomeado administrador da capela de Rui Gomes de Azevedo e sua mulher
Senhorinha Dias. De sua mulher e prima-direita Beatriz de Azevedo teve
dois filhos: Heitor de Magalhães, escudeiro, morador no concelho
de Paiva, que a 3.7.1517 foi escrivão dos órfãos,
contador dos feitos e custas e inquiridor deste concelho, e Jorge de
Magalhães, escudeiro, escrivão dos órfãos
(27.7.1496) e das sisas (3.10.1498) de Baião, que sucedeu na
antedita capela instiuída em S. Domingos do Porto e foi por casamento
senhor da quinta da Lagem, em S. Leocádia de Baião, c.g.
nos Magalhães e Azevedo de Baião e Mesão Frio (vide
o meu estudo "Casas da Roupeira e das Quartas em Stª Leocádia
de Baião. Ascendências e alianças"). Jorge
de Magalhães nasceu cerca de 1460. Era já tabelião
de Baião em 1501, cargo para o qual não encontrei nomeação,
e que perdeu por erros cometidos, nomeadamente por entregar o ofício
a terceiros, sem para tal possuir autorização régia,
sendo a 30.6.1502 substituído por Pedro Anes, criado do doutor
Diogo de Lucena. Mas de alguma forma voltou a ocupar o cargo, pois a
3.7.1517 Diogo de Magalhães, escudeiro, morador no concelho de
Baião, foi nomeado tabelião do público e judicial
nessa terra e suas honras, substituindo no cargo Jorge de Magalhães,
seu pai, que o enviou renunciar em mãos de João Fernandes
de Souza, senhor dessa terra, segundo um público instrumento
feito por si, a 1.6.1517, por mercê concedida pela apresentação
de João Fernandes de Souza, segundo outro público instrumento
feito por Jorge de Magalhães a 1.6.1517.
A origem e genealogia dos Alão anda muito mal estudada. Mas eu suspeito
que D. João Soares Alão, bispo de Silves (1297- ca 1310),
não tinha nada a ascendência que lhe atribuem os que o
dizem filho de um Soeiro Paes, neto de um Paio Afonso e bisneto de um
Afonso Fernandes. D. João Soares Alão terá nascido
cerca de 1245 e morreu cerca de 1310. Antes de ser bispo, foi em 1283
apresentado como prior da igreja de S. Miguel de Sintra e depois foi
cónego da Sé do Porto. Instituiu a 31.8.1308 a capela
e morgadio de Stº Eutrópio e seu hospital na igreja de S.
Bartolomeu de Lisboa, e foi sepultado na capela de S. Mateus, também
em Lisboa, sendo depois trasladado para a de Stº Eutrópio
quando esta ficou concluída. Nomeou para administrador o bispo
de Lisboa D. Domingos Jardo e, por morte deste, seu neto Gonçalo
Mendes, e por morte deste o clérigo seu parente mais próximo.
Na falta de parente clérigo, sucederia o parente mais próximo.
Sucedeu no morgadio e capela de Stº Eutrópio Lopo Soares
de Albergaria, fidalgo, que já era 9º morgado da Albergaria
e capela de S. Mateus (onde o bispo D. João Soares Alão
tinha sido inicialmente sepultado), por ser o parente mais próximo
e o antedito Gonçalo Mendes ter nomeado na respectiva administração
seu pai ou avô (ambos chamados Estêvão Soares de
Albergaria). Ora, o avô deste Lopo Soares de Albergaria, Estêvão
Soares de Albergaria, foi o 1º deste nome e era filho de Soeiro
Fernandes e sua mulher Sancha Martins de Lisboa, também dita
de Bulhão ou de Bulhões, senhora do dito morgado da Albergaria
e capela de S. Mateus, descendente de D. Paio Gonçalves Rebolo,
dito Delgado, instituidor da dita capela e albergaria. Sendo Soeiro
Fernandes filho de D. Fernando Ermiges que em 1ª núpcias
fora casado com D. Maria Paes, senhora do dito morgado de S. Mateus
e neta herdeira do antedito D. Paio Delgado (ver o que digo em "Origem
dos Avelar e dos Soveral"). Esta D. Maria Paes casara
a 1ª vez com D. Xira Rolim, senhor de Xira e Vila Franca e de Azambuja,
e deste 1º casamento foi bisneta a antedita Sancha Martins de Lisboa
que casou com Soeiro Fernandes (que as genealogias erradamente dizem
seu tio-avô). Ora, estou em crer que este casamento de Soeiro
Fernandes (nascido cerca de 1204) com D. Sancha Martins, nascida cerca
de 1246, foi obviamente tardio para ele, que até já podia
viúvo. O filho (o único que se conhece) deste casamento
tardio, Estêvão Soares de Albergaria, nasceu cerca de 1265.
É portanto possível que o bispo D. João Soares
seja afinal filho de Soeiro Fernandes e de uma sua 1ª mulher, bem
assim como Martim Soares (casado com Tereza Pires), que se documenta
irmão do bispo, e cuja filha, Sancha Martins Alão, casou
com João Esteves de Gaia, escudeiro, vivendo ambos no termo de
Lisboa em 1344, quando fizeram doação ao hospital de Stº
Eutrópio de umas casas herdadas do bispo D. João Soares
Alão, tio de Sancha e irmão daquele Martim Soares. Documenta-se
também que em 1339 aquela Sancha Martins tinha um irmão
chamado João Martins. Sendo certo que esta geração
de Martim Soares, irmão do bispo, se extinguiu, pois de outra
forma Lopo Soares de Albergaria não podia ser o parente mais
próximo. Assim, poderia o nome Alão vir da 1ª mulher
de Soeiro Fernandes. Portanto, o Afonso Fernandes (Alão) que
em 1275 instituiu o morgadio em S. Vicente de Pereira Jusã, podia
ser irmão da 1ª mulher de Soeiro Fernandes e tio materno
do bispo D. João Soares Alão. Nesta suposição,
quando e como surge o nome Alão? Pode surgir de uma alcunha,
como o timbre das respectivas armas sugere? O que parece é que
D. João Soares Alão não era Alão, no sentido
da linhagem, mas sim Soares (de Baião), vindo-lhe o Alão
pela mãe, tal como aos Soares de Albergaria o chamadouro de Albergaria
lhes veio pela mãe, D. Sancha Martins, morgada da Albergaria.
Só assim se compreende que os parentes mais próximos de
D. João Soares Alão fossem os Soares de Albergaria e não
os Alão, como seriam se ele fosse Alão por varonia. Tanto
mais que os Soares de Albergaria não tinham qualquer ascendência
Alão. Infelizmente, Alão de Moraes trara os Moraes Alão
(a sua família) mas não os Alão. Do pouco que diz
sobre eles, consta que em 1275 um Afonso Fernandes instituiu um morgadio
na freguesia de S. Vicente de Pereira Jusã (Ovar). Diz depois,
de forma confusa, que lhe sucedeu o filho Pedro Afonso, a este o filho
Fernando Afonso Alão, e a este a filha Beatriz Afonso Alão,
casada com João Álvares de Azevedo, sendo esta irmã
de Nuno (Gonçalves) Alão. Mas depois questiona-se Alão
de Moraes se a instituição de 1275 o teria sido, ou se
não seria apenas prazo, uma vez que se fosse morgadio teria sucedido
o filho Nuno Alão e não a filha, como de facto sucedeu.
E isto, porque se dá a Nuno Alão um filho, Nuno Gonçalves
Alão, com geração nos Brito Alão. De qualquer
forma, há aqui grosso desacerto cronológico. O dito morgadio
de S. Vicente de Pereira Jusã parece certo que se passou a chamar-se
quintã de Azevedo, por via de João Álvares de Azevedo.
Este João Álvares de Azevedo, escudeiro de João
Álvares Pereira e depois da Casa Real, foi, nomeadamente, de
15.5.1439 a 5.11.1451, coudel da Feira e Cabanões, terra de João
Álvares Pereira e Fernão Pereira, tendo casado com Beatriz
Afonso Alão cerca de 1441. Não é portanto possível
que esta Beatriz seja bisneta do Afonso Fernandes que instituiu o morgado
em 1275. Mas deve de facto ser irmã do Nuno Alão que foi
chanceler da correição de Entre-Douro-e-Minho. Com efeito,
a 15.12.1452 D. Afonso V perdoou a justiça régia a Fernão
de Sela, escudeiro do duque de Bragança, pela querela que tivera
com Nuno Alão, contanto que a sentença do dito Nuno Alão
se cumpra em todo. E a 18.11.1454 nomeou João Afonso, antigo
escrivão da chancelaria régia, na comarca e correição
de Entre-Douro-e-Minho, para o cargo de chanceler na dita comarca, em
substituição de Nuno Alão, que renunciara. Algumas
genealogias tardias dizem que o Afonso Fernandes de 1275 era filho de
um Fernando Afonso e neto de outro Afonso Fernandes. Provavelmente estas
duas gerações estão para baixo e não para
cima, ou seja: do Afonso Fernandes de 1275 foi filho um Fernando Afonso,
deste outro Afonso Fernandes, e deste é que foi filho Pedro Afonso,
pai (na verdade sogro, como direi adiante) de Fernando Afonso, sendo
este pai de Nuno Alão e Beatriz Afonso Alão. Há
aqui, no entanto, uma questão suplementar. Com efeito, quando
trata os Moraes Alão, portanto a sua própria família,
Alão de Moraes diz que Jerónimo Lopes de Morães
casou com Inez Fernandes Alão, filha de Fernando Afonso e sua
mulher Maria Afonso Alão, senhora do morgado dos Alão
(no Porto). Portanto, na mesma cronologia, temos um Fernando Afonso
Alão casado com uma Maria Afonso, e um Ferndo Afonso casado com
uma Maria Afonso Alão. Parece-me demasiada coincidência,
pelo que deve tratar-se do mesmo casal. Ora, como Alão de Moraes
administrou o dito morgadio dos Alão, estaria certamente na posse
de documentação que sustentou a sua informação.
Sendo que, por outro lado, não filia a antedia Maria Afonso Alão
(como já disse, infelizmente trata os Moraes Alão mas
não os Alão). Portanto, apesar de o próprio Alão
de Moraes, noutro título, dizer que Beatriz Afonso Alão
era filha (sucessora no morgadio de S. Vicente de Pereira Jusã)
de Fernando Afonso Alão e sua mulher Maria Afonso, na verdade
Beatriz Afonso Alão devia ser irmã da antedita Inez Fernandes
Alão, portanto filha de Fernando Afonso e sua mulher Maria Afonso
Alão Temos, assim, considerando tudo o que ficou dito, que de
Pedro Afonso Alão terá sido filha sucessora Maria Afonso
Alão, que casou com um Fernando Afonso. Destes foram filhos Beatriz
Afonso Alão, que sucedeu no morgadio
de S. Vicente de Pereira Jusã, Nuno
Alão, Inez Fernandes Alão e Gonçalo Fernandes Alão,
clérigo, como passarei a explicar. Com efeito, do
antedito Pedro Afonso Alão diz Gaio que foi irmão Giraldo
Afonso Alão, pai de Domingos Giraldes Alão, cónego
da Sé do Porto, que instituiu o dito morgadio dos Alão.
Alão de Moraes também refere este cónego, dizendo
que insituiu o dito morgadio, nomeando na administração
em primeiro lugar os clérigos da sua linhagem, pelo que foi nomeado
Gonçalo Fernandes Alão,
irmão de
Inez Fernandes Alão,
sendo excluído Nuno Gonçalves Alão, por ser secular
e andar ausente em França, por umas mortes que fez, na quinta
de Sá, a uns criados de sua
irmã
Inez Fernandes Alão.
Quer isto dizer que, tal como Beatriz Afonso Alão, também
Inez Fernandes Alão teve um irmão Nuno, afinal o mesmo,
além de um Gonçalo, clérigo. Do que aqui diz Alão
resulta que afinal Maria Afonso Alão não teve o morgadio
dos Alão, como também diz este autor, pois este foi instituído
por Domingos Giraldes Alão, primo-direito desta Maria Afonso Alão,
ficando administrador o clérigo Gonçalo Fernandes, filho de Maria
Afonso. E a este Gonçalo Fernandes sucedeu o sobrinho (filho
de Inez Fernandes Alão) Aleixo Alão de Moraes, também
clérigo. Temos, assim, que de Fernado Afonso e sua mulher Maria
Afonso Alão nasceram dois filhos varões, um clérigo
(Gonçalo) e o outro, Nuno Gonçalves Alão, certamente
o antedito Nuno Alão que foi chanceler da correição de Entre-Douro-e-Minho,
mas que se exilou em França por umas mortes que fez. Entende-se
assim que Beatriz Afonso Alão tenha sucedido no morgadio
de S. Vicente de Pereira Jusã, pois de seus irmãos um
era clérigo e o outro estava exilado, fugido à justiça.
Pelo que Inez Fernandes Alão era mais nova do que sua irmã Beatriz
Afonso Alão.
O facto de um filho de Inez Fernandes ter sucedido no morgadio dos Alão
deve-se apenas a ser clérigo, que na instituição
tinham primazia. A única coisa estranha é o patronímico
que Alão de Moraes dá a Nuno Gonçalves Alão.
Como disse, é certamente o Nuno Alão
que foi chanceler da correição de Entre-Douro-e-Minho.
Mas se de facto usou o patroníco Gonçalves, qual a razão?
O que mais me parece e se adequa ao uso onomástico dessa cronologia,
é que seu avô paterno tivesse usado este patronímico.
Portanto, o pai de Fernando Afonso ter-se-ia chamado Afonso Gonçalves.
Sendo que Fernando Afonso podia mesmo ter um irmão chamado Nuno
Gonçalves. Acresce dizer que Pedro Afonso Alão, além
de Maria Afonso Alão, devia rambém ser pai de Afonso
Pires Alão, clérigo, que de Senhorinha Anes, solteira,
teve um filho chamado Gonçalo
Afonso Alão, natural do Porto, também clérigo,
que foi legitimado por carta real de 1.6.1471.
Algumas genealogias fazem erradamente esta D. Leonor não filha mas neta
de João Álvares de Azevedo. Era, nomeadamente, irmã de Fernão de Azevedo,
que tirou ordens menores em Braga a 18.12.1451 como Fernão de Azevedo,
filho de João Álvares de Azevedo e Beatriz Afonso sua mulher, da freguesia
de Santa Maria de Vila Maior. Foi também irmã, entre outros,
de Diogo de Azevedo, fidalgo da Casa do infante D. João (filho
de D. João I), comendador de Vila Viçosa na Ordem de Avis,
que sucedeu no morgadio da quinta de Azevedo por renúncia de
seu irmão mais velho, o antedito Fernão. Teve ainda a
quintã de Vila Maior, que comprou em 1474 a seu tio Rui Gomes
de Azevedo e vendeu em 1481 a seu primo Rui Pereira, senhor de Fermedo.
Alão não lhe nomeia a mulher e Gaio diz que casou com
D. Isabel de Menezes, filha do 3º senhor de Ponte da Barca (20.6.1506),
o que é anacrónico. Como o filho usou o nome Azevedo Coutinho,
mais parece que esta D. Isabel (mais provavelmente Coutinho) seja irmã
de D. Joana Coutinho, justamente nora de Rui Pereira, com geração.
4º neto por varonia de Fernão Nunes de Bobadela, cavaleiro, alcaide-mor
e senhor do castelo de Gouveia, e de sua mulher Beatriz de Mello, filha
herdeira de Rui Vasques de Mello, senhor de Gouveia, e de sua mulher
Aldonça Pires de Castro, casal que origina as armas dos Gouveia, justamente
partidas de Mello e Castro. Rui Vasques de Mello era filho natural de
Martim Afonso de Mello, senhor de Gouveia. rico-homem, que em 1277,
como cavaleiro, participou no conflito entre os Tavares e os Cambra,
travado em Fornos de Algodres. Em 1304 fez partilhas com seu irmão Lopo,
tendo ficado com os bens da Guarda (nomeadamente a quintã de Gouveia,
a vila de Seixo, Teixoso e Ribeira de Teixoso, e o Vale de Soeiro Raimundes,
este seguramente o seu bisavô), de Tábua e de Coimbra, e um grande núcleo
patrimonial no Douro, nomeadamente a quinta de Saimes, em Espadanedo
(que a 28.5.1305 vendeu por 1.100 libras à abadessa de Tarouquela),
e bens em Vila Marim, Mesão Frio, Sedielos, Matos, Várzea, Paços (Marco
de Canavezes) e Ribadouro. Aldonça Pires de Castro era filha de D. Pedro
Fernandes de Castro, fidalgo castelhano que veio para Portugal, onde
foi senhor do paço de S. Martinho do Conde e a a 25.4.1331 comprou ao
rei a alcaidaria-mor de Coimbra, na qual D. Paio de Meira tomou posse
em seu nome, e aqui casou com Maria Martins Dade. O referido Fernão
Nunes de Bobadela, segundo a tradição genealógica seria filho de Nuno
Fernandes de Bobadela, senhor da quintã de Bobadela, que os moradores
do concelho de D. Chama aceitaram por vizinho com licença de D. Dinis,
e de sua mulher D. Chamoa, e neto paterno de um Fernão Baveca, que viveu
no reinado de D. Afonso III (1210-1279), e de sua mulher D. Tereza Pires
da Vide, senhora da dita quintã de Bobadela. E, de facto, D. Dinis confirmou
a Nuno Fernandes de Bobadella a herdade e foros da Torre de D. Chama
(31, 161). Fernão Nunes de Bobadela devia ser tio do Pedro Afonso de
Bobadela, vassalo de D. Pedro I, que a 20.6.1357 o nomeou alcaide-mor
de Vinhais, pelo que terá tido um irmão Afonso Fernandes ou Afonso Nunes.
Fernão Nunes de Bobadela e sua mulher Beatriz de Mello tiveram dois
filhos conhecidos: Nuno Fernandes de Bobadela, vassalo de D. Pedro I,
que a A 10.9.1357 lhe doou o castelo de Gouveia; e Vasco Fernandes de
Gouveia, o 1º deste nome, senhor de Comeal das Donas, alcaide-mor e
senhor do castelo de Gouveia, alcaide-mor de Castelo Rodrigo, etc. Existe
o testemunho da existência de uma inscrição no convento de S. Francisco
de Gouveia, que Vasco Fernandes teria fundado, onde se lia: «Vascus
Ferdinandus Dominus de Gouvea Filius Rodrci Vasci de Mello sacellum
hoc nobelitavit et totam Domum rogat fris por anima eius». A ter
existido, esta inscrição é tardia e dá erradamente Rui Vaz de Mello
com pai de Vasco Fernandes, em vez de avô materno, o que efectivamente
era.
Meio-irmão de João Nunes de Gouveia (Cardoso), que viveu em Aveiro, e de Nuno
Fernandes Cardoso, senhor da quinta da Gaula, na Madeira, ambos filhos
do 1º casamento do pai com Catarina Pires do Quintal. João
Nunes Cardoso, que viveu em Aveiro,
foi cavaleiro da Ordem de Cristo e senhor dos coutos de Freiriz, Penegate
e Gafanhão, cujos direitos comprou a 1.10.1496 ao conde de Penela e
teve deles doação real de juro e herdade a 24.12.1505. Fez testamento
a 1.12.1498, sendo "morador em Aveiro e escudeiro fidalgo da
Casa de S. Magestade", testamento este confirmado a 16.11.1510
"nas moradas do muito honrado João Nunes de Gafanhão, cavaleiro
da Casa de El-rei nosso Senhor ... estando ele ai presente logo por
ele foi dito que tinha feito testamento a 1 de dezembro de 1498".
A 13.11.1513, como João Nunes do Gafanhão, fez um concerto com Luiz
Anes sobre uma casas em Aveiro. Casou a 1ª vez em Aveiro com Leonor
Gomes Barreto, falecida a 17.3.1498, ib, com geração. Casou a 2ª vez
com Isabel da Costa Corte Real, também com geração. Nuno Fernandes Cardoso nasceu cerca de 1448 em Besteiros (Viseu) e foi para a Madeira, onde
teve a quinta da Gaula, com sua capela de S. João de Latrão,
que instituiu em morgadio por disposição testamental.
A sua geração tomou o nome desta quinta. A 19.7.1508 teve
carta de armas para Cardoso, onde consta como Nuno Fernandes Cardoso,
filho de Fernão Nunes Cardoso. Consta como cavaleiro fidalgo
no testamento que fez de mão comum com sua mulher a 3.4.1511,
aprovado pelo tabelião de Machico, instituindo nele um morgado
com exclusão de fêmea, deixando de suas terças 4.000
cruzados com encargo de uma missa dia de Nossa Senhora de Agosto a sua
filha Mécia Nunes casada com Garcia da Câmara (referido
na nota seguinte), e 400.000 reais a sua filha Isabel com encargo de
uma missa no dia de S. João, a qual ainda não era casada,
e legado a seu sobrinho Garcia Nunes. O morgado que instituiu tinha
obrigação de uma missa quotidiana na sua capela de S.
João de Latrão, que eles tinham feito na sua quinta. As
partilhas foram feitas em 1524. Casou
com Leonor Dias (Homem) e sucedeu-lhes o filho Doutor Pedro Nunes da
Gaula, do Conselho de D. João III, ouvidor do crime e desembargador
da Casa da Suplicação, etc.
Não é certa a identificação deste Garcia da Câmara, que não podia ter
nascido depois de 1442. Os nobiliários, nomeadamente o da ilha de Madeira
de Henrique Henriques de Noronha, falam em dois Garcias da Câmara. Um,
Garcia Rodrigues da Câmara, que teve foro de escudeiro fidalgo, filho
do célebre João Gonçalves Zarco, o qual casou com Violante de Freitas,
filha de Nuno de Freitas, de Lagos (Algarve). Este casamento, contudo,
não conjuga com o nome da filha (Beatriz Afonso Coutinho). Terá casado
também com uma (Beatriz Afonso) Coutinho? Porque, pela cronologia, o
Garcia da Câmara em epígrafe tanto podia ser filho como neto de João
Gonçalves Zarco, que parece já era casado com Constança Rodrigues quando
em 1418 descobriu
a ilha de Porto Santo. O outro Garcia da Câmara é justamente neto de
João Gonçalves Zarco, pois era filho bastardo de João Gonçalves da Câmara,
o Porrinho, 2.º capitão donatário do Funchal. Mas este Garcia, diz Henrique
Henriques de Noronha que «foi
muito amado de seu pae, e de seus irmãos, em cuja casa se criou sem
distincção de legitimo a bastardo, e em seu testamento lhe deixou em
sua terça quatro centos mil reis; morreu em 1521». Este é certamente
o que foi morto
por Jorge Anes de Sá que, considerado culpado desta morte, pediu a D.
João III o direito ao uso de armas ofensivas e defensivas, por temer
que Gil Barradas e seus familiares
e os de Garcia da Câmara atentassem contra a sua vida, tendo ele muita
fazenda e engenhos de cana na ilha aos quais tinha que prover e visitar
(carta régia de 1525). Este Garcia casou
com Mécia Nunes, filha de Nuno Fernandes Cardoso e sua mulher Leonor
Dias, que instituíram o morgadio da Gaula, como ficou dito na nota anterior,
e foi pai de Leonor da Câmara casada com Lucas de Azevedo, como também
refere Henrique Henriques de Noronha. Ora, este Lucas de Azevedo era
filho justamente de Beatriz Afonso Coutinho e portanto neto materno
de Garcia da Câmara, pelo que não terá casado com uma tia. Se bem que
haja a hipótese deste Garcia da Câmara ter casado duas vezes: a primeira
com uma Coutinho e a 2ª com a dita Mécia Nunes de Gouvea. Desta forma
Lucas de Azevedo teria casado com uma tia, mas filha de um segundo casamento
do avô, o que, sendo extremo, é mais viável. Repare-se, por outro lado,
que Mécia Nunes de Gouvea era prima-direita de Lopo Fernandes de Azevedo
casado com Beatriz Afonso Coutinho, filha de Garcia da Câmara. A tudo
isto temos de juntar a informação de Afonso de Torres (séc. XVII), que
diz que Lucas de Azevedo e sua mulher Leonor da Câmara eram primos co-irmãos,
ou seja, primos direitos. Pelo lado da mãe dela e do pai dele eram primos
em 2º grau. Mas não se vê como possam ser primos-direitos (um avô em
comum). Assim, o mais provável é que Afonso de Torres se tenha equivocado
no grau de parentesco, sendo Lucas de Azevedo e sua mulher Leonor da
Câmara duplos primos-direitos, ou seja, para além do parentesco já referido,
ser ele neto materno de Garcia da Câmara e ela neta materna de de João
Gonçalves da Câmara, o Porrinho, 2º donatário, que era meio-irmão deste
Garcia.
Irmão mais novo de Lucas de Azevedo, que sucedeu na quintã e torre do
Quintal e casou com sua prima Leonor da Câmara, referida na nota anterior,
c.g. nomeadamente nos Corrêa de Lacerda, secretários da Universidade
de Coimbra; e irmão mais velho de Gaspar de Azevedo, capitão-mor de
Ceilão, que faleceu solteiro, s.g., quando de lá vinha. Lopo Fernandes
de Azevedo teve mais as seguintes filhas: 1) D. Genebra de Azevedo,
de quem descendem nomeadamente os senhores da Casa de Tavarede; 2) D.
Leonor de Azevedo, de quem descendem os Amaral de Oliveira do Hospital;
3) D. Prolicena de Azevedo, de quem descendem os Pina de Montemor; 4)
uma filha não nomeada que casou nos Cabral de Lamego, s.g. Há ainda
a indicação de que Lopo Fernandes teve um filho bastardo, não nomeado,
c.g.
Tio-avô
paterno de Gonçalo Lobo Barbosa, que instituiu o morgadio de Vilarinho
de S. Romão (bula papal de 1595).
Filho de Pedro Barbosa, que tirou ordens menores em Chaves a 29.6.1461,
e de sua mulher Leonor Lobo, dama da duquesa de Bragança; e neto paterno
de Fernão Gonçalves Barbosa, cavaleiro, senhor da honra de Aborim e
do couto de Brandara, e de sua mulher Leonor Vaz Malheiro; e bisneto
paterno de Gonçalo Fernandes Barbosa, senhor da honra de Aborim e do
couto de Brandara, e de sua mulher Beatriz Correa (filha dos senhores
de Fralães. Na instituição do morgadio de Aborim, Álvaro Barbosa diz
que seu pai, Fernão Gonçalves Barbosa, «ficou mais delgado de fazenda
que não serviu salvo com sinco ou seis, e por seeu falecimento elle
Alvaro Barbosa que era seu filho maior partiu com sinco outros irmãos
que lhe não ficou por onde podesse servir com dous», e que seu avó
Gonçalo Fernandes Barbosa era «homem honrado tam possante que tinha
desouto a vinte de cavallo e com tanto serviu continuadamente elRei
Don Joam na Batalha Real e outros lugares de cavalaria», e que dele
ficaram cinco filhos e três bastardos, sendo seu filho primogénito Fernão
Gonçalves Barbosa, de quem era filho maior o instituidor. A Leonor Lobo
que ficou atrás era irmã de Fernão Lobo, escudeiro conde de Vila Real,
que foi coudel de Vila Real em 1473. Este Fernão Lobo, e não seu sobrinho
homónimo, é que casou com Maria Lourenço, viúva de Luiz Pimentel (ou
Luiz Martins da Mesquita). Segundo algumas genealogias, Leonor Lobo
era filha de Fernão Lourenço da Nóbrega e de sua mulher Maria Lobo,
dama da duquesa de Bragança D. Isabel (nascida em 1459), o que parece
tardio para ser mãe de Fernão Lobo, já coudel em 1473, salvo se esta
Maria Lobo fosse não dama mas ama da dita infanta. De Fernão Lourenço
da Nóbrega não tenho notícia, salvo se se trata do Fernão Lopes da Nóbrega
(erro de leitura da abreviatura de Lopes pela de Lourenço), cavaleiro
da Casa Real, a quem a 8.4.1475 D. Afonso V doa uma tença anual de 6.000
reais de prata.
Teve vários irmãos, uns falecidos na Índia e outros em Alcácer Quibir,
só um tendo casado, c.g. extinta. Teve também duas irmãs, casadas s.g.
Irmão do célebre doutor Gaspar Barreiros, autor do manuscrito genealógico
«Verdadeira Nobreza ou Linhagens Antigas de Portugal», que aos
9 anos idade foi provido cónego da Sé de Viseu, cidade onde nasceu cerca
de 1515 e veio a falecer a 6.8.1574 no convento de S. Francisco de Órgens.
Doutorou-se na Universidade de Salamanca e foi fidalgo da Casa do infante
D. Henrique, com quem viveu 25 anos. Foi embaixador em Roma (1545),
inquisidor de Évora e cónego da Sé de Évora (1549), que renunciou em
seu irmão Lopo de Barros, abade de Tavares, que depois foi deão da Sé
de Leiria. Voltou a Roma com Francisco de Borja e aí entrou para a Companhia
de Jesus, saindo depois para tomar o hábito de S. Francisco, a 30.4.1562,
no convento de Ara Celi, adoptando então o nome de Frei Francisco Barreiros.
Voltou depois a Portugal, sendo professor de Teologia nos conventos
da ordem em Santarém, Alenquer, Viseu, Lamego e Ferreirim. Nos inícios
de 1574 foi chamado para continuar as «Décadas» de seu tio, mas
declinou, por se sentir doente. Foi autor de vasta bibliografia, principalmente
de ordem geográfica, histórica e genealógica.
Filho de Rui Barreiros, escudeiro, juiz do rei em Viseu, como se documenta
numa pública forma de 16.6.1450 (pergaminhos do Cabido de Viseu), e
de sua mulher Filipa de Seixas, que vivia viúva na rua do Miradouro,
em Viseu. Esta Filipa de Seixas devia ser irmã de Diogo de Seixas, documentado
nos prazos do Cabido de Viseu como cavaleiro fidalgo em 1516 e casado
com Isabel Barroso, que foram pais de Beatriz Barroso casada com António
Corrêa de Bulhões, documentado como cavaleiro fidalgo em 1536, ib. Deste
último casal foi neto António Corrêa de Seixas casado com sua prima
D. Isabel de Seixas e Azevedo, no nº XII.
Filho natural de Lopo de Barros, referido na nota seguinte. João de
Barros, que nasceu em Viseu cerca de 1496, ficando órfão pouco depois,
foi desde criança educado no paço, junto com o príncipe herdeiro, futuro
D. João III, de quem foi depois muito privado e conselheiro. Em 1522
foi governador do Castelo de S. Jorge da Mina, depois tesoureiro da
Casa da Índia (1525) e finalmente seu feitor (1533-67). Foi ainda co-senhor
das capitanias de Rio Grande e Maranhão, no Brasil. Em 1567 recebeu
do rei, além de outros privilégios, uma tença anual de 400.000 reais.
Além de muita outra bibliografia, foi o celebrado autor das «Décadas
da Índia», que depois seriam continuadas por Diogo do Couto.
Ambos filhos de Lopo de Barros, senhor do prazo da quinta de Maçorim
(renovação do Cabido da Sé em 10.1.1489), corregedor Entre-Tejo-e-Guadiana,
«criado» dos reis D. Afonso V, D. João II e D. Manuel, capitão
de quatro navios na tomada de Arzila e capitão de um esquadrão no cerco
de Sabugal, e de sua mulher Leonor Dias de Figueiredo. Este Lopo de
Barros era natural de Braga e irmão de Valentim de Barros, morgado de
Moreira, junto a esta cidade, ambos filhos de outro Lopo de Barros,
cidadão de Braga e morgado de Moreira, e de sua mulher Maria Gonçalves
Raposo, filha de um cidadão do Porto. Este último Lopo era filho de
Álvaro de Barros e neto de Martim Martins de Barros, morgado de Moreira,
que parece ter sido fundador do mosteiro de Recião da Congregação de
S. João Evangelista. Aquela Leonor Dias de Figueiredo era filha de Isabel
Rodrigues de Figueiredo e de seu marido Lopo Dias de Barros, «criado»
de D. Fernando de Castro, que foi coudel de Sátão, Gudufar, Rio de Moinhos,
Pena Verde, Fornos, Algodres e Figueiró (24.4.1435), etc., filho
de Gonçalo Dias de Barros, abade do mosteiro de Calvelo, a «três
léguas de Braga», e de outros benefícios, que por sua morte anexou
a Vilar de Frades, onde jaz.
Irmã mais nova de Manuel de Azevedo Barreiros, comendador de S. Julião
de Lobão na Ordem de Cristo, casado com D. Maria Paes de Castello-Branco,
filha dos morgados de Santa Eulália, c.g. nos morgados de Pouves; nos
Mello e Lemos de Nápoles morgados de Moure, etc. E irmã ainda de Lopo
de Barros, que sucedeu na torre
do Quintal e casou com Isabel de Lemos, irmã de Luiz de Lemos, vedor
do bispo de Coimbra D. Afonso de Castello-Branco e
cavaleiro de S. Lázaro com 300.000 reais do Papa e 80 mil na igreja
de Carvalhais, c.g. D. Isabel teve ainda uma irmã, D. Helena
da Cruz, que faleceu solteira.
Deste casamento foi filho António Corrêa de Seixas, «o Ramalhete»,
casado com D. Maria de Loureiro, já viúva de João Paes de Amaral, c.g.,
e D. Lucrécia Corrêa de Azevedo que foi a 1ª mulher, s.g., de João Cardoso
de Cáceres, «o nada lhe luz», cavaleiro fidalgo da Casa Real,
senhor da quinta de Frades, etc. Como curiosidade, estes António e sua
irmã D. Lucrécia nasceram ainda em vida de seu trisavô (por parte do
pai) Francisco Lopes de Castello-Branco, cavaleiro fidalgo da Casa Real, mamposteiro-mor
dos cativos no bispado de Viseu, que faleceu com 110 anos de idade.
Vide Alão de Moraes, in Barreiros de Viseu, entre outros
autores visienses.
Filho de Gonçalo Figueira e de sua mulher Maria Teixeira de Macedo.
Destes devia ainda ser filha uma Guiomar Teixeira de Macedo, 3ª vida
no prazo da «possessão» do Prado do Rei ou «Pá de Rei»,
na Cava de Viseu, a cujo sobrinho António Teixeira de Macedo, com sua
autorização, o Cabido da Sé de Viseu renovou o prazo a 9.12.1589.
Irmão de
Manuel, baptizado na Sé de Viseu a 17.10.1595, e de Rodrigo Viçoso da
Veiga, morgado da quinta de S. João Velho, em Vildemoinhos (Viseu),
em cuja capela está sepultado com a seguinte inscrição «S. de Rº
Vicoso da Veiga e de sua molher Frª de Albuquerque. 1644». Este
morgadio foi instituído por seu tio paterno Gaspar Viçoso da Veiga,
que está sepultado na mesma capela, em túmulo lateral com arco, onde
se lê: «Gaspar Viçoso da Veiga avinculou em morgado os bens desta
quinta com obrigação de 12 misas as chagas em 5 sestas-feiras e a Nossa
Senhora em 6 sabados e huma a S. Antonio em seu dia, por si e por seus
pais Pedro Viçoso, Maria Henriques, e avós paternos Pedro Viçoso e Maria
Botelha e maternos Henrique da Veiga e Beatriz Henriques. Feita em 1637». Este Henrique da
Veiga (c.c. Beatriz Henriques, de Aveiro), era filho de Henrique Esteves
da Veiga, «o Velho», senhor de Molelos, e de sua mulher Filipa
Nunes Cardoso, filha de Fernão Nunes Cardoso, 2º senhor de juro e herdade
de Gafanhão, no nº VIII, e sua 1ª mulher e prima D. Margarida Pires
do Quintal.
Deste casamento nasceu António Botelho da Veiga e D. Maria Viçoso da
Veiga casada com António Ribeiro Girão, morgado de Oliveira de Frades.
Por sentença da Relação
de 31.8.1675 ficou com a administração da capela instituída em Viseu
pelo cónego António Rodrigues de Figueiredo e sua irmã D. Maria Rodrigues
de Figueiredo. Teobaldo de Lemos de Campos era filho de António de Campos
Coelho, cavaleiro fidalgo da Casa Real, depois de ter sido moço da Câmara
da infanta duquesa de Saboia, 7º senhor de Nespereira, e de sua mulher
D. Joana da Mesquita e Mendonça, 7ª senhora do paço de Gumirães, em
Rio de Loba (Viseu), cabeça do vasto prazo da vila de Gumirães; neto
paterno de Vasco Fernandes do Cazal, moço da Câmara de D. João III (9.11.1540),
que nesta data foi combater no Norte de África, onde foi armado cavaleiro,
passando então a cavaleiro fidalgo, e de sua mulher e prima-direita
D. Maria do Campo Coelho, que sucedeu a seu irmão como 6ª senhora de
Nespereira, filha de Francisco Coelho do Campo, 1º capitão-mor de Viseu
(1526), cavaleiro fidalgo da Casa de D. Manuel I, com privilégios de «fidalgo de solar conhecido»,
e capitão da sua Guarda, cavaleiro da Ordem de Cristo, que esteve na
Índia com o vice-rei Afonso de Albuquerque. Aquela D. Joana da Mesquita
e Mendonça era irmã de D. Jerónimo da Mesquita e Mendoça, Dom prior
de Barcelos e leitor apostólico do reino, ambos filhos de Jerónimo de
Ceuta, alcaide-mor do Seixo, cavaleiro da Ordem de Santiago e nesta
ordem comendador do Seixo, Faia e Aldeia da Ponte, etc., e de sua mulher
Francisca da Mesquita e Mendoça, casal a quem o Cabido renovou a 12.3.1536
o prazo da dita vila de Gumirães; neta paterna de João de Ceuta, fidalgo
da Casa Real que foi cónego da Sé de Viseu; e neta materna de Lopo Álvares
da Ventura e Queiroga, cavaleiro fidalgo da Casa Real, recebedor das
Terças e Dízimas do bispado de Viseu (12.10.1514), vereador do Senado
de Viseu (1516), que foi moço fidalgo da rainha D. Leonor e depois de
seu irmão o rei D. Manuel, que o encarregou de baptizar os judeus do
Alentejo e desmantelar as sinagogas, ficando com a terça parte do que
arrecadasse, vindo depois em serviço a Viseu, onde casou, e de sua mulher
Joana da Mesquita, casal a quem o Cabido renovou a 12.6.1507 o prazo
da dita vila de Gumirães, por nomeação que ficara do pai dela, D. Pedro
Anes da Mesquita, chantre e deão da Sé de Viseu, que fez a igreja de
Cepões. Aquele Lopo Álvares da Ventura e Queiroga era filho de Gonçalo
da Ventura de Queiroga, fidalgo da Casa Real, aposentador-mor (1478)
de D. Afonso V, D. João II e da rainha D. Leonor, que está sepultado
em S. Francisco de Santarém em túmulo armoriado (Queiroga), e de sua
mulher D.Elvira Gomes de Mendoça; neto paterno de Rodrigo Álvares de
Queiroga, fidalgo natural de Tui que serviu o rei D. Duarte, e de sua
mulher D. Maria de Mendonça. O Vasco Fernandes do Cazal que ficou acima
era filho de Belchior Gonçalves do Cazal, senhor da quinta de Montel,
em S. Pedro do Sul, onde viveu, ouvidor do infante D. Luiz em Lafões,
etc., e de sua mulher e prima Beatriz Vaz do Cazal; neto paterno de
João do Cazal, escudeiro fidalgo da Casa Real, juiz dos Órfão de Viseu
(30.3.1521), vereador do Senado de Viseu (1510 e 1514), juiz ordinário
(1514) e dos Órfãos (1528) de Viseu, que tinha sido escudeiro do bispo
de Viseu D. João Gomes de Abreu, e de sua mulher Branca Lopes de Andrade,
ambos já falecidos em 1539 (data em que Álvaro do Casal e Pedro Cardoso
ficaram tutores dos filhos), a qual Branca Lopes era irmã de Tomé Lopes
de Andrade, cavaleiro fidalgo da Casa Real, feitor da Casa da Índia
e da Mina, feitor do rei na Flandres e seu embaixador à Alemanha, etc.;
bisneto de Valentim Gonçalves do Cazal, natural de S. Pedro do Sul,
cavaleiro fidalgo da Casa Real, ouvidor do rei e juiz de fora dos Feitos
e Crimes de Viseu (1.3.1496), juiz de fora em Serpa, Beja e Moura, juiz
de Lafões, cavaleiro da Ordem de Cristo e padroeiro da igreja de Carvalhais
(em cuja qualidade apresentou o abade em 1522), etc., e de sua mulher
Leonor Lopes Picão; e trineto de João do Casal, morador na sua quinta
de Germinade em Lafões, padroeiro da igreja de Stª Cruz da Trapa, que
julgo ser sobrinho ou filho do cónego da Sé de Viseu João do Cazal,
secretário do cardeal D. Luiz do Amaral, bispo de Viseu (1431).
A mais nova de cinco filhos, teve duas irmãs freiras em Viseu e dois
irmãos, a saber: António de Campos Coelho, que sucedeu como 10º senhor
de Nespereira e 3º morgado de Gumirães, etc., fal. solt. s.g.; e João
de Campos Coelho, cavaleiro fidalgo da Casa Real que foi meirinho do
bispo de Viseu e casou no Fundão com D. Guiomar de Souza Refoios, filha
dos morgados de Oledo, também s.g.
Vide «Biblioteca Lusitana» , de Barbosa Machado, Vol. IV, pag.
112 e «Bibliografia Nobiliárquica Portuguesa», de Eduardo Carcavelos,
Vol I, pag. 142.
Estes
«de Alvellos», família beirã que se inicia na passagem do séc.
XII para o XIII, descendente por varonia dos senhores de Ferreira de
Aves (Sátão), não tem nada a ver com os Alvelo (sem de), família
minhoto-duriense com que normalmente é confundida.
Segundo Manuel Botelho (1630), «tinha este Morgado 3 torres, hua
na Ladreda em Sul, outra em Alva, e a 3ª no Paço, e vião-se todas de
huas às outras».
Filho de Henrique de Lemos e Campos, cavaleiro fidalgo da Casa Real,
e de sua mulher D.Briolanja de Alvellos, 13ª morgada de Alvellos, Figueiredo
de Alva, etc.; neto paterno de António de Lemos, cavaleiro fidalgo da
Casa Real que apoiou o prior do Crato, 1º morgado de Moure (Abravezes,
Viseu), 2º senhor da quinta da Prebenda (Viseu), etc., e de sua
mulher Helena de Campos de Figueiredo; bisneto paterno do doutor Henrique
de Lemos, cavaleiro de D. João II (31.8.1486) com carta de privilégio
de fidalgo (1.2.1490), cónego das Sé de Viseu e da Guarda, abade de
Sever do Vouga, doutorado em Cânones, visitador do convento de Stª Cruz
de Coimbra, que fez à sua custa o cruzeiro de Stª Cristina (1563) e
que a 1.10.1554 instituiu o morgadio de Moure, a que vinculou a quinta
da Prebenda (de que foi 1º senhor), com capela armoriada na Sé de Viseu,
etc., e de Ana Tavares, moça solteira, filha de Afonso Alvares de Sever.
Este doutor Henrique de Lemos, que terá nascido cerca de 1460, é tido
como filho do cónego da Sé de Viseu Pedro de Lemos e neto de um Fernão
de Lemos, que viveu em Portel e era fidalgo e «criado» na Casa
do infante D. Henrique.
Filha sucessora de Álvaro de Carvalho e Vasconcellos, monteiro-mor de
Viseu, fidalgo da Casa Real, etc., e de sua mulher D. Helena de Mello
e Abreu, que sucedeu como 3ª senhora dos prazos do paço da Torre da
rua da Cadeia, e já tinhas falecido em 1670, data em que o Cabido da
Sé renova o prazo, por mais três vidas, da quinta da Aguieira em sua
neta D. Maria de Abreu; neta paterna de Francisco Monteiro de Vasconcellos,
cavaleiro fidalgo da Casa Real que era vereador do Senado da Câmara
que a 4.11.1580 aclamou em Viseu o rei D. Filipe II, e de sua mulher
Ana de Barros; neta materna Diogo Soares de Mello e Abreu, o Busca-Ceitiz,
escrivão do Auditório Eclesiástico do bispado de Viseu, 2º senhor dos
prazos do paço da Torre da rua da Cadeia, etc., e de sua mulher D. Jerónima
Cardoso de Loureiro. Vide «Mello e Souza», estudo do autor.
Aquela Ana de Barros era filha de Francisco de Carvalho, morador em
Viseu junto ao Arco, filho de Mem Rodrigues «Picão» e sua mulher Filipa
de Barros, irmã de Nuno de Barros, morador na cidade do Porto, ambos
filhos de Gonçalo de Barros e sua mulher Mor Rodrigues de Carvalho,
de Lamego, irmã de Ana Rodrigues de Carvalho casada com Rui Mendes de
Vasconcellos.
Desde
casal foi filho sucessor Francisco de Mello Coelho de Lemos e Alvellos,
17º morgado de Alvellos e morgado do paço e torres de Figueiredo
de Alva, etc., FSO, vereador do Senado da Câmara de Viseu (1726,
1730 e 1734), etc., a quem sucedeu o filho Bernardo de Alvellos Coelho
de Lemos e Mello (também aparece apenas como Bernardo de Alvellos
e Lemos), vereador do Senado da Câmara de Viseu e juiz pela Ordenação
em 1788 e 1797, etc., que a 12.1.1749 teve carta de administração
de uma capela instituída pelo cónego António Resende
de Figueiredo na Sé da Viseu (CJV, 38, 480). Casou a 25.7.1751
em Oliveira de Frades com D. Ana Joaquina de Vilhena Pereira Coutinho
Viçoso. Destes foi filho sucessor Francisco de Assis de Lemos
e Alvelos, falecido a 29.4.1813 na quinta do Serrado, que a 2.12.1820
foi condecorado postumamente com a Cruz de Guerra, pelos seus serviços
como capitão do Estado-Maior do Exército nas guerras contra
o invasor napoleónico, e para quem a 11.3.1823 foi passada uma
certidão negativa, onde consta como filho de Bernardo de Alvellos
e Lemos (RGM, Registo de Certidões, 1, 159v).Esta Francisco de
Assis casou a 24.6.1793 com D. Maria Rita da Silva de Vasconcellos,
senhora da quinta da Serrado, que assim voltou à família,
filha do rico negociante Manuel Lopes da Silva, cavaleiro professo da
Ordem de Cristo (25.4.1768) e familiar do Santo Ofício (30.3.1764),
e de sua mulher D. Maria Eufrásia Violante de Vasconcellos, sendo
esta filha herdeira de António Correa de Oliveira, escrivão
de Viseu, que comprou a quinta do Serrado aos morgados de Alvellos.
De Francisco de Assis e sua mulher foram filhos, entre outros, Bernardo de Alvellos e Lemos de Mello e
Castro, fidalgo cavaleiro da Casa Real a 24.4.1823, foro onde é
referido como natural de Viseu, filho de Francisco de Assis de Lemos
e Alvellos (CJVI,
17, 87v), que faleceu solteiro a 24.2.1826 na dita quinta do Serrado,
e Henrique de Mello Lemos e Alvellos, n. em 1803 em Viseu
e fal. a 16.8.1859, que foi também militar e político
liberal, combatendo na guerra civil pelo lado de D. Pedro IV, primeiro
como coronel de Cavalaria 8 e depois como chefe do Estado-Maior da segunda
divisão militar, sendo reformado em 1851 como marechal de campo.
Foi deputado às Cortes Constituintes, conselheiro de S.M.F.,
cavaleiro da Ordem Militar de S. Bento de Avis a 11.9.1839 (CMªII,
16, 50v), cavaleiro da Torre e Espada, fidalgo cavaleiro da Casa Real
a 17.6.1841 com 1.600 reais de moradia por mês e 1 alqueire de
cevada por dia (CMªII, 15, 55v e 56, foro onde consta como filho
de Francisco de Assis de Lemos e Alvellos), tendo a 4.9.1858 novo foro
moço fidalgo com honras de exercício na Casa Real (CPV,
13, 74; e 14, 85v). Deste foi filho sucessor o Dr. Francisco de Mello
Lemos e Alvellos (1823-1892), conselheiro de S.M.F, duas vezes governador
civil de Viseu, chefe do Partido Progressista neste distrito, licenciado
em Direiro pela UC (1840-4), que com seu pai (4.9.1858) teve foro de
moço fidalgo, com honras de exercício na Casa Real (CPV,
13, 74; e 14, 85v) e a 28.8.1873, como Francisco de Mello Lemos e Alvellos,
teve mercê do título de visconde do Serrado em sua vida
(CLI, 26, 221v). Foi o 21º e último morgado de Alvellos,
morgado do paço e torres de Figueiredo de Alva e senhor da quinta
do Serrado, em Viseu, onde viveu e faleceu. O regime dos morgadios foi
extinto em sua vida, a 19.5.1863.