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João Gomes de Lemos 2º senhor da Trofa (1497) JOÃO GOMES DE LEMOS, 2º senhor da Trofa, Álvaro, Pampilhosa, Jales e Alfarela, por carta de confirmação de D. Manuel I de 7.11.1497, onde ao contrário do que ficara doado a seu pai, perdeu o direito de pôr juízes e oficiais na terra de Álvaro, que passam a ser eleitos pelo conselho, segundo a ordenação, e só por ele confirmados, quando estiver na terra. Sucedeu ainda como 4º morgado do Calhariz e senhor da honra e torre de Silva. Em 1462 teve foro de moço fidalgo da Casa de D. Afonso V com 1.200 reais de moradia, passando em 1469 a cavaleiro fidalgo com 2.700 reais de moradia (confirmado em 1474 e 1477), e a 26.4.1511 entrou para o Conselho de D. Manuel I. A 8.3.1476, sendo referido como fidalgo d'el rei, teve de D. Afonso V confirmação de uma tença de 20.000 reais que, com licença régia, lhe deixara seu tio Afonso Gomes de Lemos, prior de Guimarães, sendo nesse documento referidos os seus serviços no norte de África e nas guerras com Castela, tença que lhe foi confirmada por D. Manuel I a 20.12.1497. A 30.8.1487 recebeu de D. João II, confirmada por D. Manuel I a 7.11.1497, por estar prestes a servir na guerra com homens, armas e bestas, carta de privilégio de fidalgo para seus caseiros, amos, mordomos e lavradores. Foi cavaleiro da Ordem de Cristo e nesta ordem comendador de Castelejo. A 25.1.1482 seu tio Afonso Gomes de Lemos, prior de Santa Maria da Oliveira de Guimarães, fez-lhe, a si a sua mulher, emprazamento de vários casais. Nasceu cerca de 1445 e faleceu depois de 14.4.1516 e antes de 20 de Junho desse ano, sendo por seu filho trasladado para o panteão dos Lemos, em belo túmulo com suas armas (Lemos em pleno) e a seguinte inscrição: "Aqui jaz Joam Guomes de Lemos filho de Guomes Martiz de Lemos que foi ho segundo Snor deste lugar Faleceu na era de 15". Esta data está obviamente incompleta, sendo certo que João Gomes de Lemos cedeu os seus senhorios a seu filho a 8.7.1514 e ainda vivia na Trofa a 14.4.1516, quando recebeu a sua tença de 24.000 reais. Tinha outra tença de 20.000 reais, que nomeadamente recebeu por provisão de 25.6.1512, tendo a 24 de Novembro desse ano passado procuração a Jorge Rodrigues, seu escudeiro, poder cobrar as suas tenças no almoxarifado de Aveiro e passar quitação a Henrique Dias, recebedor do dito almoxarifado. Mas já tinha falecido a 5.5.1517, quando o rei fez mercê a sua tença de 24.000 reais aos seus herdeiros, tença essa que lhes foi paga pelo menos até 1530.
A 7.12.1504 D. Manuel I confirmou a João Gomes de Lemos, fidalgo da sua Casa, o privilégio de couto de uma sua herdade no termo da vila de Moura, chamada A Barra, e de uma terra de além de Ardila, tal como já D. Afonso V confirmara a seu pai Gomes Martins de Lemos. João Gomes de Lemos herdou de seu pai uma acção movida nas cortes de Évora pelos procuradores das vilas da Esgueira e Aveiro contra os senhores da Trofa. Em causa estava o pagamento de elevadas portagens e outros tributos que a Casa da Trofa cobrava a quem navegava o rio Vouga ou passava pelas suas terras, nomeadamente na ponte de Almeava. D. João II deu à questão sentença de 28.5.1492, onde confirmou os direitos da Casa da Trofa a exigir as referidas portagens, mas mandou "que daqui em diante se conforme com os forais autenticos dos lugares comarcaes e vizinhos da dita terra e ponte dalmiava e nom leve mais portagem nem demais cousas das de que nos outros lugares vizinhos se custuma levar", acrescentando que os senhores só podem cobrar tributo aos barcos que passem pelas suas terras e por baixo da dita ponte de Almeava, e não por todo o rio Vouga. Teve ainda uma contenda judicial com seu primo Nuno Martins da Silveira sobre a passagem da ponte de Segadães e Recardães, que perdeu por sentença de D. Manuel I de 24.11.1508 (ACA, 2ª parte, doc. 13).
Casou com D. Violante de Sequeira, colaça da infanta Stª Joana, que a 22.4.1477 recebeu de D. Afonso V, pai desta infanta, 2.000 coroas de ouro para dote de casamento. D. Violante jaz em belo túmulo no Panteão da Trofa, com suas armas (lisonja partida de Lemos e Sequeira), com a seguinte inscrição: "Aqui jaz dona Violante de Sequeira molher que foi de João Gomes de Lemos faleceu na era de 15", data obviamente incompleta, sendo certo que D. Violante ainda vivia a 18.5.1523 quando na sua vila da Trofa, como D. Violante de Sequeira, viúva de João Gomes de Lemos, fez uma procuração em pública forma a Henrique Dias, morador em Aveiro, para que em seu nome pudesse cobrar a sua tença onde quer que ela fosse paga. D. Violante de Sequeira já era donzela da infanta a 20.7.1469 quando obteve uma mercê real para um mouro forro, sapateiro em Lisboa. A 28.11.1497 D. Manuel I confirmou a D. Violante de Sequeira uma carta de D. Afonso V de 22.4.1477, onde este diz que a infanta D. Joana, sua filha, prometera dar em casamento a D. Violante de Sequeira, sua colaça, e a João Gomes de Lemos, fidalgo da casa d'el rei, um dote de 2.000 coroas de ouro de 120 reais cada, mas como não os tinha pedira ao rei seu pai que lhos doasse, compromisso que o rei assumiu, dando-lhe uma tença enquanto lho não pagasse. Como D. Violante, mulher de João Gomes de Lemos, teve a 16.4.1512 provisão para receber no almoxarifado de Aveiro a sua tença de 20.000 reais, e a 22.5.1517 mais uma tença separada de 16.000 reais. D. Violante de Sequeira era irmã do célebre Jorge de Aguiar, já fidalgo do príncipe D. João quando 6.3.1480 recebeu uma tença real de 7.000 reais de prata, feito a 18.6.1484 alcaide-mor, capitão e fronteiro de Monforte, com os direitos reais desta vila, por carta assinada quatro dias antes, e depois capitão-mor do mar e da costa da Etiópia e da Arábia, que em 1508 seguiu para a Índia como capitão-mor de uma grande armada, já nomeado para substituir D. Francisco de Almeida como vice-rei, mas que morreu no caminho, num naufrágio. D. Violante de Sequeira e seu irmão Jorge de Aguiar, e ainda D. Catarina de Sequeira casa dom Fernão Pereira Barreto, filho dos senhores da Quarteira, eram os três filhos de Pedro Afonso de Aguiar e de sua mulher Mécia de Sequeira, ama da infanta D. Joana (um criado e escudeiro desta Mécia de Sequeira teve a 22.1.1480 mercê real do cargo de escrivão da sisa dos vinhos de Lisboa); neta paterna de Diogo Afonso, provavelmente o escudeiro do infante D. Fernando que vivia em Montemor-o-Novo, e de sua mulher Isabel Pires de Aguiar, que já viúva e referida como mãe de Pedro Afonso, recebeu a 26.2.1453 uma tença real de 3.115 reais de prata anuais (sendo esta filha de Pedro Afonso de Aguiar, a quem D. Fernando I doou o castelo de Montemor-o-Novo); e neta materna de Francisco Anes de Torres, amo da rainha Dona Isabel (mulher de D. Afonso V), morgado de Ponte de Ceira, no termo de Coimbra (1.2.1450), que com sua mulher teve a 21.3.1452 uma tença real de 12.000 reais de prata anuais, e de sua mulher Violante Álvares de Sequeira, moradora em Coimbra, referida como ama da rainha D. Isabel quando D. Afonso V, a 1.9.1462, autorizou a igreja de S. Tiago de Coimbra a receber os bens de raiz que esta Violante lhe deixara em testamento. Esta Violante era irmã de Frei Diogo Alvares de Sequeira, comendador-mor da Ordem de Avis, ambos filhos de Álvaro Gonçalves de Sequeira, alcaide-mor de Lisboa por D. Fernando I (CFI, 1, 14v). Este alcaide-mor era certamente filho de João Álvares Redondo ou de Sequeira, a quem sua tia Joana Gonçalves deixou 450 libras em testamento (15.3.1331), sendo este João filho de Álvaro Gonçalves Redondo ou de Sequeira, alcaide-mor de Neiva, fidalgo da Casa de D. João Afonso e depois de D. Afonso IV e D. Pedro I, que nas inquirições de 1343 se apura que tinha o castelo de Neiva e metade da terra de Santiago de Castelo de Neiva. Aquele Pedro Afonso de Aguiar, que ficou acima, terá nascido cerca de 1420 e em 1453, como ficou dito, é referido como escudeiro da Casa Real. Podendo ainda ser o Pedro de Aguiar, escudeiro e criado do infante D. Fernando, a quem a 16.4.1481 D. Afonso V perdoou a justiça régia, sendo acusado de ter ajudado um preso a fugir e de dever dinheiro a Álvaro Fernandes, morador no termo do Cacém, mediante o perdão das partes, tendo pago 1.500 reais para a Piedade. Como ficou dito, seu pai Diogo Afonso deve ser o homónimo que era escudeiro do infante D. Fernando, sendo que este era o Infante Santo, nascido em 1402 e morto em 1443, enquando infante D. Fernando de quem este Pedro de Aguiar é dito criado e escudeiro é o irmão de D. Afonso V e pai de D. Manuel I, nascido em 1433 e morto em 1470. É portanto possível que Pedro Afonso, escudeiro da Casa Real na menoridade de D. Afonso V, tenha acabado por ficar na Casa de seu irmão D. Fernando, sendo também natural que em 1481, 11 anos após a morte deste infante, ainda seja referido como tal. Deste Pedro Afonso de Aguiar foram irmãos mais novos Diogo Afonso de Aguiar, casado com Isabel Gonçalves da Câmara (pais de Rui Dias de Aguiar, avós de Pedro Afonso de Aguiar e bisavós de Ambrósio de Aguiar Coutinho), e João Afonso de Aguiar, casado com Maria Esteves (pais do doutor João Afonso de Aguiar, desembargador e do Conselho de D. Afonso V, e avós de Garcia de Mello). FILHOS DO 2º SENHOR DA TROFA
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